XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Quando não devemos solicitar a tomografia computadorizada do crânio em crianças que sofreram TCE ? Validação e análise de custo - efetividade do protocolo PECARN em Belo Horizonte

Objetivo

Avaliar a aplicabilidade do protocolo PECARN( Pediatric Emergency Care Applied Research Network) em crianças vítimas de TCE leve como método para racionalizar o uso da tomografia do crânio(TCC) e análise de custo - efetividade.

Materiais e Métodos/Casuística

Após aprovação pelo CEP com o CAAE:67842617.0.0000.5119, realizou-se estudo retrospectivo com análise dos prontuários dos pacientes com idade abaixo de 18 anos e vítimas de TCE leve que foram atendidos entre Janeiro à Dezembro de 2016 em hospital público referência em trauma na cidade de Belo horizonte.
Foram incluídas crianças atendidas durante as primeiras 24 horas do trauma, com pontuação de 14 e 15 pela escala de coma de Glasgow .
Os pacientes considerados para a TCC pelo PECARN foram aqueles com trauma cranioencefálico clinicamente importante ( TCE ci), definido pelo PECARN como necessidade de intervenção neurocirúrgica, intubação por mais de 24 horas ou admissão hospitalar por mais de 2 noites.

Resultados

Nesse estudo foram avaliadas 1327 crianças. Verificou-se que 32,65% dos pacientes foram submetidos à TCC, com tempo de permanência hospitalar médio de 5h. Já 53,83% das crianças realizaram radiografia de crânio, com média de 2h de permanência hospitalar. 7,18% não realizaram nenhum exame radiológico e permaneceram 01 hora no hospital. 6,34% fizeram ambos os exames. Dentre as alterações na TCC observou-se 01 fratura em assoalho de órbita esquerda; 08 fraturas lineares da calvária sem lesão intraprenquimatosa. Os pacientes com TCE não clinicamente importante pelo protocolo PECARN foram 28,48%.
A aplicação do protocolo PECARN evitaria a TC de crânio em 139 crianças e a radiografia em 798 pacientes sem impacto clínico e redução de pelo menos R$32.777,82 no custo hospitalar.

Discussão e Conclusões

Desde a sua publicação em 2009, o protocolo PECARN foi validado em muitos países da América do norte e Ásia e sua relevância em reduzir a exposição das crianças à radiação ionizante presente nas tomografias [ 1,2].
Esse é o primeiro estudo com a validação do PECARN na América latina e mostrou que haveria impacto significativo no custo efetividade do atendimento à criança vítima de TCE leve ao reduzir o número não somente de tomografias mas também de radiografias do crânio e a exposição à radiação ionizante.

Referências bibliográficas

1. Kuppermann N, Holmes JF, Dayan PS, Hoyle JD, Atabaki SM, Holubkov R et al. Identification of children at very low risk of clinically-important brain injuries after head trauma: a prospective cohort study. Lancet. 2009;374:1160-70.
2. Brenner DJ. Estimating cancer risks from pediatric CT: going from the qualitative to the quantitative. PediatrRadiol2002; 32: 228–31.

Palavras Chaves

trauma cranioencefálico; tomografia computadorizada do crânio; custo efetividade

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

Hospital João XXIII - FHEMIG - Minas Gerais - Brasil

Autores

Leopoldo Mandic Ferreira Furtado, José Aloysio Costa Val Filho, Eustaquio Claret Santos Júnior, André Ribeiro Santos, Rodrigo Moreira Faleiro