XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Paquigiria relacionada à epilepsia: um relato de caso.

Objetivo

O trabalho objetiva discutir a associação entre paquigiria e epilepsia, considerando sua etiologia genética, bem como suas implicações neurocognitivas.

Materiais e Métodos/Casuística

Dados coletados a partir de anamnese e exame físico, em hospital de referência em neurocirurgia

Resultados

Pré-escolar, masculino, 4 anos, admitido em estado de mal epiléptico, sendo intubado e encaminhado para a unidade de terapia intensiva. Antecedentes pessoais e familiares de epilepsia, em uso de Ácido Valpróico, há 3 anos. Ao exame, constatou-se atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, com destaque ao déficit de motricidade, não deambula, e de linguagem, apenas balbucia, mas com compreensão preservada. Foi realizada ressonância nuclear magnética de crânio há 3 anos, que evidenciou redução volumétrica encefálica, às custas dos hemisférios cerebrais, com fusão dos sulcos, mais evidente na região temporal e fronto-temporal, compatível com paquigiria e displasia cortical. Após resolução do estado de mal epiléptico, instituiu-se terapia de manutenção com Ácido Valpróico e Risperidona, apresentando boa resposta.

Discussão e Conclusões

Apesar de rara, com prevalência de 1:1000000, a paquigiria corresponde a um diagnóstico diferencial das crises convulsivas, na faixa etária pediátrica. Sua patogênese está ligada à migração anormal do neuroblasto durante a formação do córtex cerebral, entre a 12ª e 24ª semana, fazendo parte de um espectro de outros distúrbios como lisencefalia, polimicrogiria e heterotopias. A mutação do gene TUBB2B, responsável pela tradução do polipeptídeo β2-tubulina é a principal envolvida, embora outras mutações como as dos genes DYNC1H1 e KIF5C também possam ser encontradas em pessoas com paquigiria. Em casos de anormalidades do desenvolvimento cortical, crises convulsivas estão presentes em 75 por cento e atraso no desenvolvimento ou deficiência intelectual em 68 por cento. Quanto ao manejo da epilepsia, nesses casos, a abordagem clínica com uso de anticonvulsivantes é a terapêutica de escolha, sendo a terapia cirúrgica e a eletroestimulação cerebral destinadas à pacientes com baixa resposta ao tratamento clínico. Portanto, observa-se as malformações corticais como uma importante causa de epilepsia na infância, bem como de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, sendo sua etiologia justificada por mutações genéticas.

Referências bibliográficas

Palavras Chaves

Lisencefalia; Epilepsia; Defeitos do tubo neural.

Área

Áreas Afins

Instituições

LANNEC - Liga Acadêmica de Neurocirurgia e Neurologia de Campina Grande - Paraíba - Brasil

Autores

Amanda Maria Lemos da Silva, Ananda Sobral Soares do Nascimento, Andrew Bonifácio Ferreira, Gabrielle Avelino Diniz Gonzaga, Márcia Noelle Cavalcante Medeiros, Raphael Nascimento Cirino, Ana Carolina Paiva Farias, Davi Emanuel de Assis Fonseca, Vinícius Herbet Sales da Silva, Bruno Leonardo Alves Correia, Gabrielly Lima Medeiros, Stefano Gomes Machado