XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Encefaloceles occipitais e retorno venoso anômalo: combinação não coincidente de um único evento embrionário

Objetivo

Encefaloces occipitais são relativamente frequentes. Entretanto, o desenvolvimento e anatomia dos seios venosos em encefaloceles occipitais e occipitoparietais é pouco compreendido. Desta forma, o objetivo do estudo é compreender melhor a origem deste feito congênito e sua relação com as alterações venosas encontradas.

Materiais e Métodos/Casuística

Estudo retrospectivo foi conduzido para analisar características radiológicas de pacientes com encefaloceles occipitais e parieto-occipitais referenciadas ao departamento de neurocirurgia pediátrica no período de janeiro de 2010 a janeiro de 2019. Foram incluídos neste estudo apenas pacientes com estudo venoso angiotomográfico disponível. Foram estudadas as seguintes características radiológicas: tamanho e localização da lesão, presença de dilatação ventricular, presença de malformações cerebrais, anatomia dos seios venosos detalhada e sua relação com a decisão terapêutica.

Resultados

Foram revisados os registros radiológicos de 33 crianças com encefaloceles occipitais e parieto-occipitais referenciadas à nossa unidade no período de janeiro de 2010 a janeiro de 2019. Alterações radiológicas frequentemente encontradas consistiram em seio reto verticalmente posicionado, persistência do seio falcino, fenestração/duplicação do seio sagital superior. Outras alterações consistiram em veia de galeno alongada, agenesia de corpo caloso, malformações tentoriais, agenesia do vermis cerebelar, hidrocefalia e heterotopias. Em 3 casos, a presença da tórcula dentro da lesão contraindicou a abordagem cirúrgica.

Discussão e Conclusões

A presença concomitante de encefaloceles occipitais e alterações morfológicas do seio reto/persistência do seio falcino não parecem ser coincidência. Isto porque a presença de uma encefalocele occipital interfere com a parte ventromedial do mesênquima responsável pela formação do tentório e plexo venoso tentorial. Nesta localização, canais venosos não se formarão e, consequentemente, a formação de um seio venoso a partir do plexo sagital ocorre, determinando o seio falcino, mais frequentemente encontrado em nosso estudo. O conhecimento destas alterações venosas é de extrema importância ao neurocirurgião tanto para a decisão terapêutica, quanto para o planejamento da abordagem cirúrgica.

Referências bibliográficas

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Palavras Chaves

encefalocele, seio falcino, embriologia

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

HOSPITAL MUNICIPAL JESUS - Rio de Janeiro - Brasil, INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

TATIANA PROTZENKO, Antônio Bellas, Marcelo Pousa, José Francisco Manganelli Salomão