Dados do Trabalho
Título
Migração ventricular de dois cateteres de derivação ventrículo-amniótica: relato de caso.
Objetivo
Descrever o manejo da migração de dois cateteres para derivação ventrículo-amniótica para a cavidade ventricular.
Materiais e Métodos/Casuística
Um recém-nascido de parto cesareana, do sexo feminino, pré-termo e pequeno para a idade gestacional, com macrocrania secundária à hidrocefalia fora submetido a duas derivações ventrículo-amnióticas em outro serviço. Os cateteres não foram encontrados na cavidade uterina. A ultrassonografia transfontanelar demonstrou a presença de corpo estranho no ventrículo lateral esquerdo, o que foi confirmado pela tomografia computadorizada como sendo os dois cateteres usados para as referidas derivações, os quais se encontravam praticamente juntos. Devido às condições clínicas iniciais desfavoráveis, optou-se pela retirada de líquor através de punções ventriculares transfontanelares. Em momento oportuno, foi submetido à derivação ventrículo-peritonial com sistema valvular de baixa pressão e perfil neonatal. Houve resolução da macrocrania/dilatação ventricular, mas evoluiu com sepse e ventilação mecânica prolongada. Exames de imagem sequenciais evidenciaram que os cateteres estavam livres na cavidade ventricular, pois havia mudança em suas posições, embora permanecessem juntos. Assim que se estabeleceu a melhora clínica, procedeu-se à retirada de ambos os cateteres por endoscopia.
Resultados
Os dois cateteres, que se encontravam praticamente juntos e livres no ventrículo lateral esquerdo, foram facilmente removidos. Não houve quaisquer complicações.
Discussão e Conclusões
A hidrocefalia fetal implica em dano cerebral e sua resolução antenatal pode minimizá-lo. No momento, há duas opções neurocirúrgicas: a céfalocentese, isto é, punções ventriculares repetidas para remover líquor, e a derivação ventrículo-amniótica. Embora possa produzir uma rápida redução da ventriculomegalia, uma das possíveis consequências da derivação ventrículo-amniótica é a migração do cateter para a cavidade ventricular ou uterina. No presente caso, houve migração ventricular e os cateteres encontravam-se totalmente livres e mudavam de posição, conforme neuroimagem seriada. Para o tratamento da hidrocefalia, indicou-se a derivação ventrículo-peritonial. Como houve complicações clínicas, não diretamente relacionadas à neurocirurgia, a retirada dos cateteres foi postergada até que o recém-nascido obtivesse condições adequadas para tanto. Os cateteres foram, finalmente, retirados por endoscopia e não houve complicações.
Referências bibliográficas
Palavras Chaves
Hidrocefalia fetal; derivação ventrículo-amniótica; migração; neuroendoscopia ventricular.
Área
Neurocirurgia Pediátrica
Instituições
Hospital Policlínica Cascavel - Paraná - Brasil, Hospital Universitário do Oeste do Paraná - Paraná - Brasil, Neuroclínica Cascavel - Paraná - Brasil
Autores
Marcius Benigno Marques dos Santos, Marcos Henrique Lima Galles, Marcelo Alvarez Rodrigues, Helber Alves Perez, Fernando dos Anjos Schmitz, Alvaro Moreira da Luz, Layara Lenardon, Willian Luiz Rombaldo, Orival Alves, Stenio Henrique de Souza, Paulo Eduardo Mestrinelli Carrilho, Talvany Donizetti de Oliveira, Cristiane Egewarth