XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Abscessos encefálicos em crianças imunossuprimidas: dificuldades adicionais em uma condição grave.

Objetivo

Abscesso encefálico (AE) representa uma condição rara e grave na população pediátrica, sendo a maioria dos casos relacionados a fatores predisponentes, como infecções em orelha média e mastoide. Crianças imunossuprimidas estão mais suscetíveis a essa patologia. É necessária a avaliação específica desse grupo para conhecer suas peculiaridades.
Objetivo: Avaliar especificidades da evolução dos abscessos encefálicos em crianças imunossuprimidas.

Materiais e Métodos/Casuística

Revisão da literatura e relato de dois casos ilustrativos.

Resultados

Caso 1: Criança do sexo masculino, 3 anos, transplantado cardíaco, com febre e cefaleia. Tomografia Computadorizada (TC) de crânio evidenciou lesão sugestiva de AE . À punção, foi obtida secreção purulenta, sem evidência de agente etiológico à microscopia e cultura. Após expansão da lesão, foi realizada excisão subtotal, e o histopatológico revelou presença de hifas de Aspergillus spp. Foi iniciado Anfotericina. Um mês depois, Ressonância Magnética (RM) evidenciou focos de infecção fúngica, iniciado esquema de Voriconazol intravenoso. Após um mês de tratamento, recebeu alta, com boa progressão. Nova RM mostrou regressão das lesões, exceto uma supratentorial. Mantida terapia com Voriconazol via oral. Apesar de ótima evolução neurológica, o paciente foi a óbito 6 meses pós-alta, por complicações cardíacas autoimunes. Caso 2: Sexo feminino, sem intercorrências ao nascer, apresentou abscesso em região axilar direita após vacinação contra Hepatite B e Tuberculose no 5º dia de vida. Houve remissão após drenagem e antibióticos. Dez dias pós-alta, houve recorrência do abscesso e surgimento de lesões em extremidades. Após convulsão, TC de crânio mostrou hipodensidade compatível com AE em cerebelo e hidrocefalia. Indicada derivação ventriculoperitoneal e drenagem. Hemocultura mostrou infecção por Candida, sendo iniciada Anfotericina B. Investigação adicional revelou diagnóstico de Alteração Mendeliana do Eixo IL-12 IFN-Gama. Na literatura, confirma-se que em crianças com imunossupressão têm maior risco para abscessos fúngicos.

Discussão e Conclusões

Crianças imunossuprimidas portadoras de AE apresentam maior risco de evolução desfavorável, pois nessa população os agentes costumam ser atípicos, a antibioticoterapia manifesta menor eficácia, e, como são necessárias drogas de maior espectro, há efeitos colaterais. As recidivas favorecem ainda complicações resultantes de múltiplas abordagens.

Referências bibliográficas

Palavras Chaves

Abscesso encefálico; Pediatria; Imunossuprimidos

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

Hospital Infantil Albert Sabin - Ceará - Brasil

Autores

Lívia Caminha Martinez, Bianca Gomes Bernardes, Rafaela Soares Barros de Menezes, Pedro Vitor Amorim Weersma, Júlia Melo Pereira, Jennifer Brito Ferreira, Anna Christina Siqueira Marques, Carlos Eduardo Barros Jucá