XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Tumores gliais e glioneurais associados à epilepsia: epidemiologia, resultados cirúrgicos e patologia

Objetivo

A epilepsia acomete mais de cinquenta milhões de pessoas no mundo todo. Crises refratárias comprometem o desenvolvimento e a qualidade de vida das crianças associando ainda maior risco de morte súbita (SUDEP). A denominação “long-term epilepsy associated tumor (LEAT)” descreve um grupo de neoplasias de natureza glial e glioneural, associados à epilepsia de início precoce, em geral fármaco-resistente, porém com boa reposta ao tratamento cirúrgico, sobretudo quando indicado precocemente. O presente trabalho descreve o perfil epidemiológico, resultados anátomo-patológicos e cirúrgicos dos pacientes pediátricos com neoplasias gliais e glioneurais associadas à epilepsia assistidos em nosso serviço.

Materiais e Métodos/Casuística

Estudo retrospectivo observacional dos registros médicos dos pacientes pediátricos com diagnóstico de neoplasia de origem glioneural associada à epilepsia operados entre os anos de 2002 e 2016 em serviço de referência em neurocirurgia pediátrica

Resultados

29 pacientes foram incluídos, 16 (55,1%) pertenciam ao sexo masculino e 13 (44,8%) ao feminino; a idade de ocorrência da primeira crise variou entre 1 ano incompleto e 13 anos, sendo a média 4,9 anos, 12 pacientes (41%) apresentaram exclusivamente crises focais, 17 pacientes (59%) apresentaram também crises tônico-clônicas bilaterais. O intervalo entre a primeira crise convulsiva e a cirurgia foi em média de 2,36 anos; 20 pacientes (69,0%) apresentaram neoplasias acometendo o lobo temporal, 3 (10,3%) o lobo parietal, 1 (3,4%) o lobo frontal, 1 (3,4%) o lobo occiptal, e 4 (13,8%) acometendo 2 ou mais lobos. Do total de pacientes operados 16 (55,1%) foram submetidos à lesionectomia e 13 (44,8%) à ressecção ampliada. Os resultados anátomo-patológicos foram: 14 (48,3%) gangliogliomas, 9 (31,0%) DNETs, 2 (6,9%) astrocitomas pilocíticos, 2 (6,9%) xantoastrocitomas pleomórficos, 1 (3,4%) tumor glioneural misto e 1 (3,4%) oligondendroglioma anaplásico. Após um ano da cirurgia 82,8% dos pacientes apresentavam-se com Engel I. Ao final do estudo 75,9% permanecia com controle satisfatório das crises (Engel I e II).

Discussão e Conclusões

Tratamento cirúrgico precoce de neoplasias glioneurais associadas à epilepsia revela-se uma opção efetiva para o controle de crises e prevenção de complicações a longo prazo.

Referências bibliográficas

1. Luyken C, Blumcke I, Fimmers R, Urbach H, Elger CE, Wiestler OD, Schramm J. (2003) The Spectrum of long-term epilepsy-associated tumors: long-term seizure and tumor outcome and neurosurgical aspects. Epilepsia 44(6):822-830.
2. Thom M, Blumcke I, Aronica E. (2012) Long-term epilepsy-associated tumors. Brain Pathol 22(3): 350-379.
3. Englot DJ, Chang EF, Vexht CJ. (2016) Epilepsy and brain tumors. Handb Clin Neurol 134:267-285.

Palavras Chaves

LEAT, epilepsia fármaco-resistente, cirurgia de epilepsia.

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

UNIVERSIDADE DE CAMPINAS - São Paulo - Brasil

Autores

Marcus Vinicius Giglio, Enrico Ghizoni, Helder Tedeschi, Andrei Fernandes Joaquim, Fernando Cendes