XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Uso de dispositivo antissifão no manejo da hiperdrenagem sintomática em pacientes pediátricos portadores de derivação liquórica

Objetivo

Os dispositivos de derivação ventricular estão sujeitos a diversas complicações, entre elas a hiperdrenagem. Os casos sintomáticos se manifestam por cefaleia, frequentemente postural. Achados de imagem incluem ventrículos em fita, coleções subdurais e espessamento leptomeníngeo. Embora somente uma minoria dos pacientes desenvolvam sintomas, a hiperdrenagem é morbidade que prejudica em muito a qualidade de vida além de incorrer, frequentemente, em múltiplas revisões dos shunts.

Materiais e Métodos/Casuística

Estudo retrospectivo, que inclui 15 pacientes pediátricos (1 a 13 anos) tratados entre 2013 a 2018, portadores de derivação ventrículo peritoneal com diagnóstico clínico e radiológico de hiperdrenagem refratária às medidas clínicas. Todos foram submetidos a implante de antissifão em associação ou não com válvulas programáveis. Foram computados: a etiologia das hidrocefalias, a idade de inserção do primeiro sistema de derivação, o tempo transcorrido para o início dos sintomas de hiperdrenagem e os desfechos clínicos/radiológicos após o implante do antissifão.

Resultados

Quanto às etiologias, observou-se o seguinte: 5 (33,33%) casos de hidrocefalia pós hemorragia da matriz, 3 (20%) neoplasias, 2 (13,33%) mielomeningoceles e 5 (33,33%) outras causas. A idade média no momento das derivações iniciais foi 3,53 anos (14 dias a 13 anos). Três (20%) pacientes tiveram o diagnóstico de hiperdrenagem nos primeiros 12 meses após a primeira derivação, 2 (13,33%) entre 13-24 meses, 4 (26,67%) entre 25-36 meses e 6 (40%) acima de 37 meses. Seis pacientes (40%) receberam o antissifão em associação com válvula de média pressão, enquanto que 9 também receberam válvulas de regulagem externa. Quatorze (93,33%) pacientes apresentaram melhora importante do quadro clínico de hiperdrenagem, após seguimento mínimo de 6 meses (6 meses a 5 anos). Um paciente (6,67%) obteve melhora discreta, mas a família recusou novas intervenções. Somente 2 (13,33%) pacientes necessitaram mudanças na pressão de abertura do mecanismo valvular para controle sintomático; outros 2 (13,33%) evoluíram com infecção do shunt, e que, após tratamento e introdução de nova derivação, apresentaram controle da hiperdrenagem.

Discussão e Conclusões

O uso de antissifão, em associação ou não com válvulas programáveis, foi eficaz no controle de sintomas associados a hiperdrenagem em quase a totalidade dos casos deste coorte de pacientes.

Referências bibliográficas

Kondageski C, Thompson D, Reynolds M, Hayward RD. Experience with the Strata valve in the management of shunt overdrainage. J Neurosurg. 2007 Feb;106(2 Suppl):95-102.

Pinto FC, Pereira RM, Saad F, Teixeira MJ. Performance of fixed-pressure valve with antisiphon device SPHERA(®) in hydrocephalus treatment and overdrainage prevention. Arq Neuropsiquiatr. 2012 Sep;70(9):704-9.

Khan RA, Narasimhan KL, Tewari MK, Saxena AK.
Role of shunts with antisiphon device in treatment of pediatric hydrocephalus. Clin Neurol Neurosurg. 2010 Oct;112(8):687-90.

Palavras Chaves

Hidrocefalia, hiperdrenagem, antissifão

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

Hospital Infantil Joana de Gusmão - Santa Catarina - Brasil

Autores

Charles Kondageski, Daniel Santos Sousa, Antonio Cesar Melo Mussi, Willian Costa Baia Jr, Pedro Paulo M Mello, Guillerme Froehner, Marcos R P Eismann