XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO DO CRANIOFARINGIOMA COM ADMINISTRAÇAO INTRA-CÍSTICA DE INTERFERON ALFA 2B ALTERNATIVAMENTE AO INTERFERON ALFA 2A. RELATO DE CASO.

Objetivo

Relatar caso de uma criança com craniofaringioma tratada com administração intra-cística de interferon alfa 2b, com poucos casos na literatura, em comparação com o interferon alfa 2a como possibilidade de medida terapêutica menos invasiva.

Materiais e Métodos/Casuística

Relato de caso com uso de interferon alfa 2b e revisão da literatura.

Resultados

Criança, 12 anos, sexo feminino, apresentou quadro de cefaleia moderada, vômitos, turvação visual evoluindo para amaurose seis meses antes do internamento, sendo diagnosticada com craniofaringioma após exames de imagem. Inicialmente, foi submetida a ressecção cirúrgica parcial, por aderência importante das paredes dos cistos a estruturas vasculares da base do crânio. Após seis meses voltou a piorar acuidade visual, com novo aumento dos cistos, os quais ocupavam um volume bem superior a 50% do volume tumoral.
Foi optado pela implantação microcirúrgica de cateter intra-cístico ligado a um reservatório de Ommaya subgaleal, para a realização de aplicações de interferon alfa 2b, por indisponibilidade de interferon alfa 2a no nosso serviço, com raras descrições de uso alternativo dessa forma de interferon. O esquema terapêutico executado foi de 3.000.000UI, administrada 3 vezes por semana, por 4 semanas,
totalizando 12 doses. A ressonância magnética de crânio, após 3 meses do uso do IFN alfa 2b, mostrou ausência de lesão cística e regressão significativa de componente sólido. Após 6 meses, uma nova ressonância magnética de crânio mostrou remissão de lesão tumoral ainda sem cisto. Clinicamente a paciente apresentou hiporexia como efeito colateral durante e após os 2 meses do tratamento além de, manutenção da amaurose.

Discussão e Conclusões

Craniofaringiomas são tumores benignos que podem afetar o desenvolvimento
neurocognitivo, bem como, apresentar sintomas visuais, endocrinológicos e metabólicos. Nas crianças, até 90% dos craniofaringiomas apresentam componente cístico, este, quando ocupa um grande porção do tumor, pode possibilitar o tratamento com a inserção de cateter intra-lesional e aplicação intra-cística de agentes com atividade anti-tumoral.
O uso do interferon alfa 2b para craniofariongiomas com grande componente cístico mostrou-se uma opção terapêutica satisfatória para este caso clínico, como alternativa ao IFN alfa 2a e um esquema alternativo menos invasivo a cirurgias com impossibilidade de ressecção ampla.

Referências bibliográficas

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Palavras Chaves

craniofaringioma, terapêutica, alfa – interferon

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

Sabin - Ceará - Brasil

Autores

Mateus Alencar Fernandes, João Paulo Vasconcelos Mattos, Sandra Marcia Pereira Albuquerque, Francisco Hélder Cavalcante Félix, Suzane Fátima Vale Tavares, Esther Grangeiro Barreto