Dados do Trabalho
Título
Derivação ventriculo-biliar: uma técnica subutilizada ?
Objetivo
No tratamento da hidrocefalia, a técnica mais utilizada é a derivação ventriculoperitoneal (DVP). No entanto, em situações em que o peritônio não absorve adequadamente o líquido cefalorraquidiano (LCR), outras opções são derivações para o átrio, pleura, vesícula biliar, entre outras.
Materiais e Métodos/Casuística
Criança do sexo feminino diagnosticada com craniofaringioma aos 3 anos de idade, sendo submetida a ressecção parcial da lesão. Encaminhada para nosso serviço para seguimento sendo reoperada aos 5 anos. Evoluiu com coleção subdural, sendo submetida a derivação subduro-peritoneal. Paciente evoluiu com ascite importante, resolvida apos retirada do cateter distal do peritônio. Desde então paciente submetida a diversos procedimento de derivação, para peritônio e átrio, evoluindo com serias complicações relacionadas a ascite volumosa. Realizado derivação ventriculo-biliar (DVB) com resolução a longo prazo da coleção e da ascite.
Resultados
Apesar de a DVB ter sido descrita em 1958 por Smith, a vesícula biliar ainda é um destino subutilizado para derivação, com menos de 100 casos descritos. Em geral pacientes submetidos a essa técnica já realizaram uma média de 4 derivações prévias. Algumas vantagens da DVB incluem o potencial lítico da bile que permite a lise de proteínas do LCR e sua alta capacidade de concentração, capaz de drenar altos volumes de LCR. A técnica em si é realizada em decúbito dorsal e assemelha-se aos passos da derivação ventriculo-peritoneal. O risco de complicações ainda é o maior limitante da técnica, contudo na literatura podemos perceber uma redução crescente do percentual de complicações provavelmente associada a melhora com passar dos anos da técnica e dos sistemas de válvula. No caso relatado, a paciente chegou a realizar cinco derivações previas com diversas complicações associadas, ficando a questão se o método nao deveria ter sido uma opção precoce, principalmente em casos associados a hiperproteinorraquia como em pacientes com craniofaringioma. Olavarria et al propôs a DVB como escolha inicial em pacientes com altos níveis de proteína no liquor.
Discussão e Conclusões
A derivação ventriculo-biliar é uma técnica de derivação que deveria ser cogitada como opção de escolha na primeira falha de DVP em pacientes com quadro de hiperproteinorraquia ou complicados com ascite.
Referências bibliográficas
Palavras Chaves
Hydrocephalus, ventriculocholecystic shunt, shunt malfunction, ventriculoperitoneal shunt
Área
Neurocirurgia Pediátrica
Instituições
Hospital das Clínicas - Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
Barbara Albuquerque Morais, Mateus Santiago Souza, Hamilton Matushita, Manoel Jacobsen Teixeira