XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Epilepsia Focal Fármaco-Resistente com desfecho de Hemisferectomia Funcional: Relato de Caso

Objetivo

Relatar o caso de uma paciente de 14 anos com epilepsia focal de difícil controle, que foi solucionada com hemisferectomia funcional.

Materiais e Métodos/Casuística

As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário e de literatura.

Resultados

Paciente nasceu com 36 semanas de gestação. Nos primeiros meses de vida foi observada uma hemiparesia espástica à direita. A primeira crise epiléptica ocorreu em torno dos 6 anos na ausência de febre, tipo focal motora à direita. Após esse episódio, a paciente apresentou regressão da fala e da escrita. Não há história familiar de epilepsia, porém há três casos de AVE na família e trombose venosa no pós-parto materno. Dos 6 aos 11 anos apresentou crises parciais complexas, ficando períodos sem crises com o ajuste da medicação. Contudo, nos últimos anos, observou-se, um aumento da frequência das crises. A paciente fez uso de diversos antiepilépticos, usados em doses terapêuticas, como oxacarbamazepina, clobazam, ospolot, clonazepam, lacozamida, topiramato e lamotrigina, os quais foram ineficazes no controle das crises. Diante disso, foi encaminhada para avalição de cirurgia, sendo indicada a hemisferectomia funcional à esquerda, a qual foi bem sucedida. Nos exames pré-operatórios, foi detectada uma alteração sugestiva de sequela de infarto de artéria cerebral média esquerda.

Discussão e Conclusões

Diante de um paciente com epilepsia refratária, com características focais, há indicação de uma avalição em Centro Especializado de Cirurgia da Epilepsia. No caso da paciente, após uma avaliação criteriosa, levando em conta a idade, a semiologia das crises e exames complementares, houve indicação cirúrgica, sendo realizada uma hemisferectomia. Constatou-se que essa cirurgia é um tratamento eficiente para epilepsia fármaco-resistente, associada a AVE perinatal. Demonstrou-se que, em relação ao tratamento medicamentoso, esse procedimento apresentou benefícios, como redução da necessidade dos antiepilépticos e aumento da qualidade de vida. Contudo, foi evidenciado que essa desconexão aumenta o risco de déficits neurológicos, assim como de distúrbios motores e mentais. Em suma, o caso relatado suscita a discussão da terapêutica de uma situação complexa, que é a epilepsia focal fármaco-resistente, e evidencia que a hemisferectomia resulta em muitas vantagens para o paciente.

Referências bibliográficas

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Palavras Chaves

Hemisferectomia, epilepsia refratária, drogas antiepilépticas

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

UNICHRISTUS - Ceará - Brasil

Autores

Isabella Timbó Queiroz, Rafaela Montenegro Aires Sampaio, Rebeka Ventura Pessôa de Paula, José Lucivan Miranda