XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Fechamento de mielomeningocele com retalho em ilha baseado nas artérias perfurantes

Objetivo

A correção da mielomeningocele (MMC) deve ser realizada precocemente com o objetivo de reduzir a incidência de infecção, contudo grandes defeitos de pele podem impedir o fechamento primário necessitando de retalhos locais. O retalho em ilha baseado nas artérias perfurantes (keystone design perforator island flap – KDPIF) é uma técnica de cirurgia plástica eficaz para a reconstrução de defeitos de partes moles, fornecendo uma cobertura efetiva de pele, com excelentes resultados estéticos. O objetivo do estudo consiste em revisar nossa experiência no tratamento dos disrafismos abertos extensos com o KDPIF.

Materiais e Métodos/Casuística

Avaliamos retrospectivamente oito pacientes submetidos à KDPIF para o reparo de MMC ao nascimento. Os pacientes foram selecionados quando o neurocirurgião e o cirurgião plástico julgaram ser improvável conseguir fechamento primário. Os retalhos foram preparados com base nos vasos perfurantes que cursam através da musculatura paravertebral e nutrem a pele adjacente. As incisões são realizadas no contorno do retalho, continuando através do tecido subcutâneo até a fáscia toracolombar, permitindo sua mobilização. Realiza-se o fechamento em camadas, finalizando com avanço em V-Y de cada extremidade do retalho. Após a alta, os pacientes foram acompanhados por ambas as equipes.

Resultados

Em todos os casos, a cicatrização das feridas foi satisfatória, sem deiscência ou necrose do retalho, infecção ou fístula liquórica. Dois pacientes com concomitante cifose grave foram operados. Um paciente apresentou sepse neonatal, evoluindo para óbito. Derivação ventriculoperitoneal foi necessária em 7 pacientes durante o seguimento. Obteve-se excelente resultado estético dos demais casos.

Discussão e Conclusões

A técnica de KDPIF baseia-se em vasos perfurantes musculares/fasciocutâneos localizados nas regiões intercostal, lombar e glútea. O retalho distribui amplamente a tensão da ferida e, consequentemente, fornece estrutura tecidual significativa, vascularização adequada e uma importante versatilidade geométrica. Outra vantagem é a preservação da maioria dos músculos e fáscias, o que é desejável para minimizar a morbidade secundária ao rearranjo tecidual, importante para prevenir deformidades. Em conclusão, KDPIF mostrou ser uma técnica relativamente eficaz e segura para o fechamento de grandes MMCs, inclusive com cifose associada. O tratamento das MMCs extensas com equipe cirúrgica multidisciplinar é recomendado.

Referências bibliográficas

Palavras Chaves

Mielomeningocele, Disrafismo espinal, Retalho perfurante

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

Hospital de Clínicas, Universidade Estadual de Campinas (HC-UNICAMP) - São Paulo - Brasil, Instituto de Cirurgia e Plástica Crânio Facial, Hospital Sobrapar - São Paulo - Brasil

Autores

Cleiton Formentin, Leo Gordiano Matias, Dayvid Leonardo de Castro Oliveira, Pedro Augusto Sousa Rodrigues, Andrei Fernandes Joaquim, Helder Tedeschi, Cassio Eduardo Raposo-Amaral, Enrico Ghizoni