XIII Congresso Brasileiro de Neurocirurgia Pediátrica

Dados do Trabalho


Título

Síndrome do ventrículo em fenda após disfunção recorrente de sistema de derivação ventriculoperitoneal: relato de caso

Objetivo

Relatar caso pouco frequente de síndrome do ventrículo em fenda em criança de 5 anos com hidrocefalia congênita e várias abordagens cirúrgicas para revisão de sistema de derivação.

Materiais e Métodos/Casuística

Trata-se de relato de caso de criança de 5 anos com realização de derivação ventriculoperitoneal pouco após nascimento por hidrocefalia congênita, com múltiplas reabordagens de sistema por disfunção. Primeiro sistema em 2013, demais trocas em 2014, 2016 e 2018, sendo a primeira por hiperdrenagem e hematoma subdural. Nesse último ano, revisão de válvula realizada no primeiro semestre, porém paciente procurou atendimento por náusea/vômitos, cefaleia, irritabilidade e redução de nível de consciência no segundo semestre (sinais/sintomas que normalmente apresentava ao evoluir com hidrocefalia por disfunção de derivação). Realizada tomografia de crânio com evidência de ventrículos ipsilaterais ao cateter intraventricular em fenda. Como conduta, instalada então válvula programável. Entretanto, houve novos sinais de disfunção dias após, com proposta de revisão de cateter intraventricular por neuroendoscopia, momento em que foram visualizados debris em sua ponta, e assim retirado, com inserção de novo cateter com visualização direta. Pós operatório favorável, sem novos sintomas, paciente com boa evolução em acompanhamento ambulatorial .

Resultados

A síndrome do ventrículo em fenda representa um desafio ao tratamento, sobretudo em pacientes com múltiplas reabordagens de sistema de derivação. Na literatura, há relatos diversos quanto à frequência de ventrículo em fenda em neuroimagem, com frequência de 40 a 80%¹; porém a síndrome em si é pouco frequente, descrita como <12%¹ do total de shunts. A proposta terapêutica por reposicionamento por neuroendoscopia neste caso, associada à escolha de válvula programável, levou a resolução de quadro arrastado com complicações frequentes.

Discussão e Conclusões

O presente relato salienta o fato de que a hidrocefalia nem sempre se associa à dilatação ventricular, houve persistência de sintomatologia mesmo com imagens afastando ventriculomegalia. A síndrome do ventrículo em fenda é uma condição onde há aumento de pressão intracraniana sem hidrocefalia associada, normalmente associada a derivações recorrentes, e representa um desafio tanto ao diagnóstico quanto terapêutica.

Referências bibliográficas

1. TEO, C; MORRIS, W. Slit Ventricle Syndrome. Contemporary Neurosurgery. 1999; 21:1-4

2. Kiekens R, Mortier W, Pothmann R, et al. The slit-ventricle syndrome after shunting in hydrocephalic children. Neuropediatrics. 1982;13:190–94.

3. Olson S. The problematic slit ventricle syndrome. A review of the literature and proposed algorithm for treatment. Pediatr Neurosurg. 2004;40:264–69

Palavras Chaves

slit hidrocefalia derivação

Área

Neurocirurgia Pediátrica

Instituições

MEDNEURO CUIABA - Mato Grosso - Brasil

Autores

GIOVANI MENDES FERREIRA, VIRGILIO VILÁ MOURA, LUCIANO RICARDO FRANÇA DA SILVA, WILSON GUIMARÃES NOVAIS, ATAHUALPA CAUÊ PAIM STRAPASSON, MARCEL YAMADA USHIMA, KALINIO DE KASSIO OLIVEIRA MONTEIRO, RENATO CARVALHO SANTOS, RONAN ARNON CAMILO ANCHIETA, LUCAS CAIXETA NOGUEIRA