68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ADENOCARCINOMA MUCINOSO DE APENDICE: RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Neoplasias malignas de apêndice são raras, com baixa incidência e clínica inespecífica, correspondendo a 0,2-0,5% de todos os tumores do trato gastrointestinal. Seu diagnóstico é histológico e há três tipos mais freqüentes: tumores carcinóides, adenocarcinoma e adenocarcinoide. Objetivo desse relato e alerta para possíveis casos dessa doença.

Descrição do caso

Paciente, 46 anos, sexo feminino, admitida no PS referencia da região, em abril de 2016, com história de dor abdominal há três dias, localizada em fossa ilíaca direita, sem irradiação ou outros sintomas associados. Ao exame físico paciente estável e dor em fossa ilíaca direita, sem irritação peritoneal. Realizado analgesia, solicitado laboratoriais e exame de imagem, que evidenciaram sinais de apendicite aguda, sendo paciente submetida à apendicectomia convencional. No intraoperatório caracterizada como apendicite grau II. No retorno de acompanhamento foi checado exame histológico que evidenciou adenocarcinoma mucinoso do apêndice, cujo estadiamento foi pT3 pNx pMx. Após diagnóstico novos exames para reestadiamento foram realizados sem sinais de metástase, então foi indicado intervenção cirúrgica complementar, sendo a paciente submetida à hemicolectomia direita e linfadenectomia. Reestadiada como T3N0M0 e encaminhada para terapia adjuvante. Paciente mantém acompanhamento oncológico até o momento, sem sinais de acometimento neoplásico secundário.

Discussão e Conclusão(ões)

A neoplasia maligna de apêndice é uma doença rara, que vem aumentando sua incidência. O diagnóstico clínico é difícil pela inespecificidade dos seus sintomas, simulando em cerca de 70% dos casos quadro de apendicite aguda. Sendo assim, surpreende o cirurgião tanto no intra-operatório como no pós operatório com o resultado do anatomopatológico. Após diagnóstico definitivo deve considerar alguns pontos para programação terapêutica, como diâmetro do tumor, localização do apêndice, idade do paciente, presença de metástase, nível de acometimento histológico e, além disso, descartar tumores colorretais sincrônicos ou metacrônicos, que são relativamente freqüentes. O tratamento cirúrgico é a melhor opção, proporcionando aumento da sobrevida global. Na maioria dos casos se faz necessário uma segunda intervenção cirúrgica mais agressiva. Após reabordagem com novos laudos histopatológicos é possível determinar necessidade de terapia adjuvante. Os casos de adenocarcinoma difuso com metástases sistêmicas são considerados irressecáveis, indicado tratamento paliativo. O prognóstico do adenocarcinoma de apêndice é determinado pelo estádio, além disso, esse tipo de tumor apresenta uma alta taxa de recorrência.
A neoplasia primária de apêndice é rara e difícil suspeição pré-operatória, o que dificulta seu diagnóstico. Assim, é indispensável à realização do anatomopatológico das apendicectomias para seu diagnóstico e indicação de terapêutica oportuna. Publicação de relatos com casos raros auxilia na ampliação do conhecimento dessa doença.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

Kamila de Bessa Penteado , Mariana Aniceto, Marcela Maria Silvino Craveiro, Luiz Henrique Cury Saad, Rogério Saad Hossne, Alexandre Bakonyi Neto, Carlos Alberto Castro, Walmar Kerche de Oliveira