Dados do Trabalho
Título
NEUROMODULAÇAO SACRAL COMO TRATAMENTO DE INCONTINENCIA ANAL EM PACIENTE GESTANTE
Objetivo(s)
Descrever o caso de uma paciente jovem, que apresentou incontinência anal devido quadro de doença de Crohn perianal. Incialmente passou por terapia de Biofeedback (30 sessões no total) com pouca melhora. Indicado então neuromodulação sacral com sucesso. Paciente engravidou em uso da neuromodulação, passou por gestação sem intercorrências com o aparelho ligado, e sem qualquer perda anal.
Descrição do caso
Paciente do sexo feminino, 33 anos de idade, portadora de doença de Crohn, diagnosticada em 2006, com doença localizada em íleo distal, retossigmoide, canal anal e região perianal. Presença de fistula complexa localizada as 3h – QLE com abscesso associado, fissura anterior e posterior. Necessitou de múltiplos procedimentos de drenagem de abscesso, passagem e troca de séton para tratamento de trato fistuloso.
Em 2014 iniciou quadro de incontinência anal para gases, fezes líquidas, pastosas e sólidas, escala de Jorge – Wexner de 20. Feito manometria anorretal nesta ocasião com achado de esfíncter anal interno e externo hipotônicos, capacidade retal diminuída e anismus. Indicado tratamento com Biofeedback pélvico.
Após 20 sessões de fisioterapia pélvica paciente apresentou pouca melhora da incontinência anal, apresentando escala de Jorge – Wexner de 16 (3 – Fezes sólidas, líquidas, e gases, 4 – Uso de absorvente, 3 – Impacto na qualidade de vida). Fez mais 10 sessões com pouca melhora, escala de Jorge – Wexner de 18 (3 – Fezes sólidas, líquidas, 4 - Gases, 4 – Uso de absorvente, 4 – Impacto na qualidade de vida).
Em 2015 foi indicado implante neuromodulador sacral, com resposta completa satisfatória ao método e continência total anal. Seguiu em acompanhamento da doença de Crohn em remissão e sem novos episódios de incontinência anal.
Em 2017, aos 31 anos, apresentou sua segunda gestação, em uso do neuromodulador sacral. Manteve gestação saudável, com continência anal, sem qualquer intercorrências, Manteve o aparelho ligado durante toda a gestação, passando por cesariana no início de 2018.
Discussão e Conclusão(ões)
Em revisão de literatura a respeito do uso do neuromodulador sacral na gestação, chegou-se à conclusão de que não houve um consenso claro sobre a segurança para uso do mesmo durante a gravidez7.
Foi revisado um número adequado de estudos sobre o efeito da inibição elétrica da contratilidade miometrial e uterina e descobriu-se que as forças de tais inibições aumentam o relaxamento uterino, ajudam a retardar o trabalho de parto e podem até aumentar a fertilidade. Também foi concluído que não foram relatadas complicações fetais atribuíveis ao implante sacral7.
Conclui-se que o tratamento do SNS parece ser uma prática segura na gravidez por enquanto, embora exista a necessidade de estudos mais extensos sobre seus efeitos durante a gravidez.
Área
Doenças do assoalho pélvico / Fisiologia Intestinal e Anorretocólica
Categoria
Relatos de caso
Autores
NATHALIA MANZANO GONÇALVES DE SOUZA , VALDOMIRO GARBUGIO FILHO, LUCIANA CLIVATTI, BARBARA PEREIRA DE LARA, VICTOR HUGO MANZANO GONÇALVES DE SOUZA