68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO DECORRENTE DE ENDOMETRIOSE INTESTINAL: REVISÃO DE LITERATURA E RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Realizar revisão da literatura e relatar um caso de abdome agudo obstrutivo em paciente com endometriose intestinal.

Descrição do caso

DPN, 41 anos, sem comorbidades. Admitida no serviço de emergência com queixa de dor abdominal difusa, hematúria e disúria há 12h associado à parada da eliminação de gases e fezes. Emseguimento de dor abdominal crônica com coloproctologista há 2 anos sem definição diagnóstica. Ao exame físico: bom estado geral, sem alterações cardiopulmonares, abdome distendido com ruídos preservados, difusamente doloroso e sem sinais de irritação peritoneal, toque retal sem fezes ou sangue em ampola retal e sem massas palpáveis. Tomografia Computadorizada de Abdome Total com espessamento parietal e maior realce mucoso segmentar do íleo distal, estendendo-se por cerca de 15cm, até próximo da válvula ileocecal. Uma porção desse segmento acometido na região hipogástrica à direita estava “acotovelada”, em íntimo contato, sugerindo aderência, não se podendo afastar fístula, cisto pélvico anexial à esquerda medindo 3,2cm.Colonoscopia constatou estenose em íleo distal e pancoliteenantemática moderada. Paciente submetida a videolaparoscopia diagnóstica evidenciando íleo terminal hiperemiado e edemaciado por cerca de 15cm, estenótico com ponto de fístula na altura da válvula ileocecal e meso de íleo terminal com retração cicatricial/fibrose. Optado por colectomia direita videolaparoscópica com anastomose extracorpórea e enterectomia segmentar de íleo terminal com anastomose latero-lateral anisoperistáltica.

Discussão e Conclusão(ões)

A endometriose acomete cerca de 3 a 19% das mulheres em idade fértil e menos de 5% na pós-menopausa.Pode ser classificada de acordo com o local de implantação do endométrio ectópico, quando interna à musculatura uterina, denominada adenomiose, ou extra-uterina. Esta última pode envolver estruturas intraperitoneais, como no caso da endometriose intestinal, desenvolvida em mais de 5% das mulheres com estágios avançados da doença, ou extraperitoneais. A endometriose intestinal ocorre em 5% a 27% dos casos de endometriose. As localizações mais frequentes são: reto (79%), sigmóide (24%), apêndice (19%), íleo terminal (2%), cólon descendente (1%) e ceco (1%). A apresentação clínica encontra-se dor inespecífica e alterações de hábito intestinal, que, quando dissociados de um quadro clássico, com a tríade de dismenorréia, dispareunia e infertilidade, dificultam o diagnóstico precoce. A apresentação da doença como forma de abdome agudo obstrutivo é uma complicação rara. A videolaparoscopia é considerada o padrão ouro para o diagnóstico, sendo também factível para o tratamento em boa parte dos casos.
O acometimento intestinal da endometriose se mostra um desafio diagnostico devido a fatores inerentes a patologia. Em casos raros pode evoluir para quadro de abdome agudo obstrutivo. Uma vez diagnosticado seu tratamento varia de acordo com fatores inerentes a paciente.

Área

Miscelâneas

Autores

Felipe Pereira Gomes, Antonio Jose Tiburcio Alves Junior, Hugo Samartine Junior, Beatriz Yamada Kucharski, Guilherme Zupo Teixeira, Vitor Holmo Figueira, Joaquim Simoes Neto, Jose Alfredo Reis Neto