68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

DIVERTICULO RETAL: ACHADO COLONOSCOPICO

Objetivo(s)

A doença diverticular acomete principalmente o cólon sigmóide onde representa cerca de 70 % dos casos descritos, atingindo o cólon transverso e ascendente em 10%, o cólon descendente em 10% podendo ainda ser pan-colônica em mais de 10% dos casos. O acometimento do reto, entretanto, é extremamente raro, estimando-se uma incidência de 0,07 a 0,08% dos doentes submetidos a investigação diagnóstica. O objetivo do presente relato é apresentar um caso de divertículo do reto, diagnosticado durante realização de exame colonoscópico e revisar a literatura quanto aos principais aspectos dessa inusitada afecção

Descrição do caso

A.S.A., 52 anos, masculino, procurou ambulatório de coloproctologia com quadro de sangramento após evacuação, de grande quantidade, de início há 3 anos. Exame proctológico evidenciando doença hemorroidária mista. Colonoscopia para rastreio com presença de grande quantidade de divertículos em todo cólon, inclusive divertículo em reto, único, com óstio largo, maior que 2 cm e sendo realizado biópsias que não mostrou alterações

Discussão e Conclusão(ões)

A presença de divertículo no reto é um evento raramente descrito e apresenta, ainda em nossos dias, etiologia incerta. Apesar da etiologia incerta, alguns fatores são descritos como predisponentes: constipação, impactação fecal recorrente, relaxamento do septo retovaginal, atrofia muscular, obesidade com infiltração gordurosa da parede muscular do reto, ausência de estruturas de suporte tais como o cóccix, traumatismos retais, infecção, ulceração e anomalias congênitas.
Os divertículos retais acometem com maior frequência o sexo masculino, sendo geralmente únicos, podendo se encontrar até três divertículos no mesmo paciente. Na maioria dos casos publicados e assim como observamos no presente caso, os divertículos do reto possuem óstio largo com ampla comunicação com a luz retal. Apresentam curso assintomático, sendo frequentemente achado incidental. A concomitância com doenças orificiais não é rara, assim como observado no paciente do presente relato, em que a perda sanguínea retal era decorrente da doença hemorroidária, sendo o divertículo do reto um achado do exame colonoscópico. Ocasionalmente, os divertículos do reto podem ser acompanhados de complicações: infecção, perfuração, fístulas, estenoses, ulcerações e sangramento.
O diagnóstico dos divertículos retais é difícil de ser realizado somente com base no exame clínico e habitualmente não requer tratamento cirúrgico. Cabe lembrar, todavia, da necessidade de acompanhamento periódico desses pacientes devido a possibilidade de metaplasia de mucosa gástrica no interior do divertículo e a associação com o câncer de reto.
Conclusão: Os divertículos retais são raros, habitualmente assintomáticos, mas devem ser acompanhados já que podem levar a complicações que necessitem de intervenção cirúrgica.

Área

Métodos complementares diagnóstico e terapêutica

Autores

LIDIA ALBERONI NEVES ASSIS, ÍTALO FILIPE CARDOSO AMORIM, EMERSON Abdulmassih WOOD SILVA, LUCIANO RICARDO PELEGRINELLI, AURELIO FABIANO RIBEIRO ZAGO