Dados do Trabalho
Título
APEDANGITE EPIPLOICA: DIAGNOSTICO DIFERENCIAL EM ABDOME AGUDO INFLAMATORIO E ESTRATEGIAS TERAPEUTICAS
Objetivo(s)
Reconhecer a Apedangite Epiploica como diagnóstico diferencial de Abdome Agudo Inflamatório, baseado no caso clínico apresentado, considerando a indicação de conduta clínica e, frente à falha desta, validar a videolaparoscopia como estratégia de tratamento.
Descrição do caso
TLO, 25 anos, há dois dias iniciou quadro de dor em flanco esquerdo, sem melhora com analgésicos comuns e associada à febre baixa. Realizou-se tomografia computadorizada de abdome com achado de borramento da gordura pericólica à esquerda e suspeita de diagnóstica de diverticulite aguda não complicada.
Apesar de medicado com analgésicos e antibióticos, não houve melhora clínica após 72 horas de tratamento clínico. Foi então indicada videolaparoscopia, que diagnosticou apêndice epiplóico necrosado de 6 cm em cólon descendente, com líquido inflamatório e fibrina pericólica e em fundo de saco. Realizada excisão de apêndice ep e lavagem da cavidade abdominal. Evoluiu bem com alta hospitalar no dia seguinte ao procedimento.
Discussão e Conclusão(ões)
A Apedangite Epiploica (AE) é uma entidade clínica rara, de bom prognóstico, resultante da torção ou trombose venosa espontânea de apêndices epiploicos (ou omentais), projeções de gordura da parede antimesentérica dos cólons à cavidade peritoneal. Tais estruturas estão presentes em todo o cólon, e sua inflamação pode mimetizar outras condições inflamatórias, como ileíte terminal, apendicite vermiforme aguda, afecções ginecobstétricas e diverticulite aguda, esta última de destaque tendo em vista a maior densidade de apêndices epiploicos no cólon esquerdo.
O diagnóstico da AE tem sido mais comum devido a evolução dos métodos de imagem, em especial a Tomografia Computadorizada, porém ainda é descrita como achado intraoperatório em abordagens cirúrgicas por outras hipóteses diagnósticas de abdome agudo inflamatório. Acomete principalmente indivíduos entre a segunda e quinta décadas de vida, sem predominância de sexo. Apresenta-se geralmente com quadro de dor abdominal, especialmente em quadrante inferior esquerdo, com raros sintomas associados (febre baixa, náuseas), estando o paciente habitualmente em bom estado geral.
A evolução da AE espontânea é benigna e autolimitada, respondendo a cuidados clínicos com analgésicos e antinflamatórios, sem demanda de antibioticoterapia, com resolução dos sintomas em 3 a 14 dias. A abordagem cirúrgica se restringe aos casos de dúvida diagnóstica, indisponibilidade de exames de imagem e ausência de resposta clínica, além da prevenção de recorrências e para tratamento de complicações locais.
A via preferencial é a videolaparoscópica, com ligadura e excisão do apêndice inflamado e, assim, abreviação do curso da patologia com procedimento pouco invasivo.
Com o caso clínico exposto, discute-se a indicação e, por outro lado, a limitação na conduta não operatória em processos inflamatórios benignos do cólon, como a AE, tendo em vista a acessibilidade e facilidade técnica da videolaparosocopia como recurso diagnóstico e terapêutico e sua baixa morbidade.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
LIDIA ALBERONI NEVES ASSIS, ÍTALO FILIPE CARDOSO AMORIM, EMERSON ABDULMASSIH WOOD SILVA, LUCIANO RICARDO PELEGRINELLI, AURÉLIO FABIANO RIBEIRO ZAGO, NATALIA MARIA JACOM WOOD SILVA