68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

OTIMIZAÇAO DA DOSE DE CERTOLIZUMABE PEGOL PARA FALHA TERAPEUTICA DE MONOTERAPIA EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN

Objetivo(s)

Relatar a estratégia de modificação de dose do Certolizumabe pegol para dose dividida (200mg a cada 2 semanas) em paciente com Doença de Crohn com sintomas ativos em tratamento de manutenção padrão em regime de monoterapia.

Descrição do caso

AMC, 46 anos, 50kg, tabagista, sem outras comorbidades associadas. Iniciou acompanhamento no 30º pós-operatório de hemicolectomia direita com ileotransverso anastomose por abdome agudo obstrutivo (anátomo patológico: doença de crohn em atividade). Na ocasião fazia uso prévio de mesalazina e infliximabe há 2 anos realizado triagem para terapia biológica e iniciado tratamento com Certolizumabe pegol em monoterapia, na ocasião apresentava PCR 6 mg/dL. Após 16 semanas de tratamento, a colonoscopia de controle apresentava lesões ativas em cólon descendente e reto com úlcera de anastomose. Optado pela otimização de dose do Certolizumabe pegol para 200mg a cada duas semanas. Reavaliada após 16 semanas da mudança terapêutica, apresentou melhora clínica dos sintomas e PCR de 3mg/dL. Após 32 semanas do ajuste de dose, mantém melhora dos sintomas, PCR 0,6mg/dL e colonoscopia de controle evidenciando doença inflamatória em remissão.

Discussão e Conclusão(ões)

A Doença de Crohn (DC) é uma condição inflamatória crônica que pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, caracterizada por ulcerações de acometimento focal, assimétrico e transmural.
Embora a resposta clínica e a remissão sejam importantes objetivos do tratamento, a cicatrização da mucosa tem se tornando um objetivo terapêutico na prática clínica, pois há evidências acumuladas de que a cicatrização da mucosa está associada à remissão clínica prolongada, aumento do tempo de recaída e redução de complicações graves, como como internação e cirurgia.
O Certolizumabe pegol (CZP) é um fragmento Fab de um anticorpo monoclonal humanizado, com ausência da região Fc e peguilado, possui alta afinidade ao fator de necrose tumoral alfa e comprovada no tratamento de adultos com DC moderada a grave.
A resposta e a remissão endoscópicas estão associadas a concentrações plasmáticas de CZP mais elevadas em pacientes com DC ileocolônica moderada a grave.
A Dosagem de manutenção de CZP 200 mg a cada 2 semanas em comparação com CZP 400 mg a cada 4 semanas, pode apresentar concentrações plasmáticas superiores. Aumentar o nível sérico pode ser uma opção eficaz para pacientes com DC que podem se beneficiar de maiores concentrações plasmáticas de CZP.
O relato de caso demonstrou a possibilidade de uma estratégia terapêutica ao uso do CZP, a divisão de dose em pacientes com sintomas ativos em tratamento de manutenção padrão em monoterapia, pode proporcionar respostas superiores. Os resultados apoiam a necessidade de considerar a individualidade de cada paciente, bem como, o monitoramento terapêutico para otimização do tratamento. Sendo assim, esta pode ser uma estratégia a ser considerada antes da mudança terapêutica para outro medicamento, ou considerar a falha primária ao tratamento.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Hugo Samartine Junior, Antonio Jose Tiburcio Alves Junior, Felipe Pereira Gomes, Luciane Hiane Oliveira, Joaquim Simoes Neto, Odorino Hideyoshi Kagohara, Jose Alfredo Reis Junior, Jose Alfredo Reis Neto