68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

USO DE CERTULIZUMABE PEGOL DURANTE A LACTAÇAO EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN

Objetivo(s)

Expor o complexo desafio para a amamentação, em paciente com necessidade de medicamento de uso crônico para remissão de atividade da doença inflamatória intestinal (DII) grave.

Descrição do caso

Paciente feminina, portadora de uma apresentação grave da Doença de Crohn (DC). Foi submetida a inúmeras abordagens cirúrgicas por fístula intestinal e obstrução de íleo terminal. À princípio, foi proposta terapia medicamentosa com mesalazina e azatioprina, as quais foram substituídas por infliximabe (IFX) após a primeira intervenção cirúrgica, sendo que, após a última, foi optado por troca do anti-TNF para Adalimumabe (ADM) no pós alta, o que a manteve assintomática até sua primeira gestação, quando a medicação foi suspensa no primeiro mês. Um mês após o nascimento a termo, sem complicações, foi aprovado o uso do Certolizumabe pegol (CZP) para DII no Brasil, de modo que foi iniciada terapia com CZP, mantendo o aleitamento materno até o sexto mês. O calendário vacinal infantil foi preservado, com ressalvas às vacinas com vírus ativo atenuado. Mãe e filho encontram-se hígidos e assintomáticos desde então.

Discussão e Conclusão(ões)

Na atualidade, com as diversas opções terapêuticas existentes, mais mulheres com DII tem-se colocado em posição de poder engravidar, resultando em um duplo desafio: permanecer saudável para manutenção da gravidez enquanto protegem seu concepto de possíveis efeitos adversos da medicação escolhida para remissão da doença de base.
O CZP apresenta um grande tamanho molecular, além da substituição da porção Fc por polietilenoglicol, de modo que não há transporte ativo da mólecula, ou seja, qualquer transferência que houver é por difusão passiva, apresentando mínimas concentraçõesno leite materno e, ao mesmo tempo, de difícil absorção no intestino da criança. Ao contrário do IFX e ADM, os quais, apesar de se mostrarem eficazes na remissão de sintomas em paciente com DC, apresentam transporte ativo para a placenta e para o leite materno.
Dessa forma, a atualização do conhecimento no campo e a disseminação de novos linhas de pensamento são, portanto, de grande importância para garantir a implementação na prática diária e no aconselhamento, já que atitude cautelosa em relação ao tratamento medicamentoso durante a gravidez e a lactação pode resultar na suspensão da terapia necessária, e muitas vezes em risco considerável para mãe e filho.
O manejo de pacientes com DC durante a lactação requer ponderar os riscos de escolher o melhor tratamento para a mãe, contra possíveis riscos para o filho através da exposição a drogas. Os pontos considerados apresentados neste relato mostram que, apesar das limitações, o tratamento medicamentoso efetivo da DC é possível com razoável segurança para a amamentação; e, uma vez, que o CZP tem uma transferência muito limitada pelo leite materno e pequena absorção intestinal pelo lactente, este agente pode ser preferido no caso de iniciar o tratamento com anti-TNF durante a lactação.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Hugo Samartine Junior, Antonio Jose Tiburcio Alves Junior, Felipe Pereira Gomes, Luciane Hiane Oliveira, Joaquim Simoes Neto, Odorino Hideyoshi Kagohara, Jose Alfredo Reis Junior, Jose Alfredo Reis Neto