68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA DE CROHN EM ATIVIDADE GRAVE CONCOMITANTE A INFARTO AGUDO DO MIOCARDIO: TRISTE COINCIDENCIA OU RELAÇAO CAUSA E EFEITO? RELATO DE CASO.

Objetivo(s)

Este trabalho tem o objetivo de relatar caso de paciente com Doença de Crohn grave, que em vigência do aumento de atividade da doença, desenvolveu IAM com parada cardiovascular. Questiona-se a influência da DII em atividade na gênese do evento cardiovascular.

Descrição do caso

Masculino, 33 anos, com Doença de Crohn há 15 anos, ex-tabagista e com história familiar de IAM. Inicialmente tratado em outro serviço com sulfassalazina e prednisona, evoluiu com estenose retal há 10 anos sem intervenção. Há 1 ano apresentou IAM e tratado com com antiagregantes plaquetários e angioplastia com “stent”. Durante internação constatou-se que há 20 dias apresentava 12 evacuações líquidas ao dia associadas à importante dermatite perianal e fístula anorretal. Foi iniciada corticoterapia endovenosa associada a antibióticos, porém evoluiu com sangramento retal, dor e distensão abdominal. Introduzido anti-TNF alfa associado ao corticóide (em desmame), com remissão da atividade grave e cicatrização da fístula. Até o momento aguarda liberação da cardiologia para realização de exames e ou procedimentos invasivos.

Discussão e Conclusão(ões)

O infarto agudo do miocárdio (IAM) tipo 2 está relacionado a condições de inflamação sistêmica persistente, como ocorre nas doenças inflamatórias intestinais (DII). Existem porém, dados conflitantes em relação ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e IAM em pacientes com DII. Estudos conseguiram demonstrar uma associação estatisticamente significante entre DII e IAM, porém quando há exclusão de outros fatores de risco cardíacos, esta associação não se mostra evidente. Satimai Aniwan e col., em um estudo de coorte randomizado envolvendo 736 paciente de 1980 a 2010 e após ajustes metodológicos para os principais fatores de risco para IAM demonstraram que as DII se associavam independentemente com risco aumentado de IAM e falência cardíaca. E o risco relativo de IAM estava significantemente elevado em pacientes com Doença de Crohn. Por outro lado, Barnes e col. utilizando a base de dados norte-americana "Natiowide Inpatient Sample" identificaram 567.438 hospitalizações em pacientes com DII e notaram que estes pacientes eram menos propensos de serem hospitalizados por IAM comparados a população geral. Em nosso caso, o paciente que já possuía fatores de risco para IAM pode ter precipitado o evento em função de um aumento da atividade da DII.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

DIOGO FONTES SANTOS, FLÁVIA BÁLSAMO, SANDRA DI FELICE BORATTO, SÉRGIO HENRIQUE COUTO HORTA, MARCELLA CONZ RODRIGUES, DEBORA FONTES SANTOS, RODRIGO LAVIGNE GESTEIRA SLAIBI