68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

HIDRADENITE SUPURATIVA COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE DOENÇA FISTULIZANTE PERIANAL

Objetivo(s)

Estudar a manifestação da Hidradenite Supurativa como diagnóstico diferencial de Fistula Anorretal isolada ou em quadro de Doença Inflamatória Intestinal Fistulizante, além de propor estratégias de acompanhamento ambulatorial e tratamento clínico e cirúrgico específicos.

Descrição do caso

Paciente sexo masculino C.B.S., 41 anos, com quadro de múltiplos orifícios fistulosos em região das nádegas, com drenagem de secreção purulenta, de evolução há 2 anos. Sem relato de alteração de padrão evacuatório ou sintomas sistêmicos associados. Submetido a anuscopia e colonoscopia, sem achados de orifícios internos ou de alterações macroscópicas e anátomo-patológicas sugestivas de Doença Inflamatória Intestinal. Diagnosticado com Hidradenite Supurativa, com indicação de abordagem cirúrgica após tentativa de remissão clínica sem sucesso

Discussão e Conclusão(ões)

A Hidradenite Supurativa (HS), ou Acne Inversa, caracteriza-se por lesões nodulopustulares crônicas, que podem coalescer-se em abcessos dolorosos e fistulizantes na derme, com drenagem esporádica de exsudato purulento fétido. As lesões distribuem-se nas áreas intertriginosas, onde há concentração de glândulas apócrinas e complexos pilo-sebáceos, em especial axilas, região inguinal e anogenital, e relacionam-se a distúrbios endócrinos e imunológicos, hereditariedade e fatores comportamentais, como higiene precária, uso de irritantes químicos, obesidade e tabagismo. Normalmente as fístulas e abcessos se cronificam, formando placas e cordões fibróticos, cicatrizes hipertróficas e desfiguração anatômica estigmatizante.
A HS acomete mais mulheres, na proporção de 3:1, e tem pico de incidência entre 11 e 30 anos. As lesões perineais apresentam as maiores taxas de recorrências e evolução desfavorável, sendo este subtipo mais comum em homens.
A primeira estratégia de tratamento é o uso de antibioticoterapia sistêmica e tópica, a que reduz a drenagem de secreção e a dor local, porém com altas taxas de recorrência. Outras modalidades de tratamento clínico em estudo incluem terapias hormonais, fotodinâmicas, uso de imunobiológicos, radioterapia e crioterapia.
A abordagem cirúrgica é única abordagem terapêutica curativa, com indicação cada vez mais precoce, variando desde o desbridamento associado a agentes ablativos até a excisão de toda a área afetada com amplas margens. A reconstrução anatômica e cosmética da área inclui fechamento primário, enxertos e retalhos cutâneos e cicatrização por segunda intenção, com cuidados locais e curativos otimizados. A indicação deve ser individualizada considerando a gravidade da doença e as condições clínicas do paciente.
Na prática clínica da Coloproctologia, é importante conhecer e identificar a HS como diagnóstico diferencial de fístulas perianais simples ou em síndromes inflamatórias fistulizantes, uma vez que a condução clínica e a indicação de tratamento cirúrgico são diferentes e interferem de sobremaneira no prognóstico do paciente

Área

Doenças Anorretais Benignas

Autores

LIDIA ALBERONI NEVES ASSIS, ÍTALO FILIPE CARDOSO AMORIM, EMERSON ABDULMASSIH WOOD SILVA, LUCIANO RICARDO PELEGRINELLI, AURELIO FABIANO RIBEIRO ZAGO