68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

MELANOMA ANORRETAL – RELATO DE CASO . UMA DOENÇA DE PROGNOSTICO SOMBRIO

Objetivo(s)

Este trabalho tem como objetivo o relato de um paciente atendido pela equipe da cirurgia geral do Hospital da Providência de Apucarana em Fevereiro de 2019, bem como levantar dados da literatura sobre o melanoma do canal anal.

Descrição do caso

H.J.C.D, 65 anos, sexo masculino, procura o pronto atendimento do Hospital da Providência de Apucarana por lesão perianal com mau cheiro e sangramento com início há cerca de 1 mês. Nega episódios semelhantes ou outras queixas. Nega perda de peso no período.
Ao exame apresentava lesão vegetante perianal com cerca de 10 cm de diâmetro, friável de aspecto necrótico as 9h, toque retal não evidenciou massa palpável no canal anal, tônus esfincteriano preservado.
Equipe cirúrgica opta por ressecção da lesão e confecção de colostomia higiênica. O laudo anatomopatológico revelou melanoma de canal anal e paciente é encaminhado ao serviço de oncologia clínica para seguimento e estadiamento. CT de abdome revelou múltiplas linfadenomegalias coalescentes peri aórticas e interaortocavais e ilíacas bilaterais. CT de tórax evidenciou múltiplas imagens nodulares de permeio ao parênquima pulmonar bilateral sugestivas de lesões secundárias.
Após 30 dias do procedimento cirúrgico paciente retorna ao hospital com nova lesão vegetante perianal com aproximadamente 5cm de diâmetro de aspecto escurecido e friável e massa em canal anal palpável às 9h de consistência fibroelástica de aproximadamente 2cm de diâmetro.
Iniciado tratamento paliativo ao paciente, que veio a falecer 3 meses após o diagnóstico inicial por insuficiência respiratória.

Discussão e Conclusão(ões)

A forma anorretal do melanoma tem sua origem na área de transição da mucosa do canal anal. É uma doença rara, representando aproximadamente menos de 4% dos tumores anorretais e menos de 1% dos melanomas.
Os principais sintomas que levam a procura de atendimento médico são a enterorragia, dor anal e presença de nodulação local. A doença afeta principalmente caucasianos, sendo sua maior incidência entre a sexta e sétima década de vida e o sexo feminino tem discreta prevalência.
Dentre os relatos levantados por esse trabalho, nota-se a evolução rapidamente progressiva dos sintomas, juntamente com sinais sugestivos de síndrome consumptiva. A maioria dos pacientes quando diagnosticada já apresenta doença localmente avançada e, não raramente, já metastática. A disseminação da enfermidade ocorre por via linfática e hematogênica, sendo fígado, pulmões e ossos os órgãos mais frequentemente afetados.
É possível a abordagem cirúrgica com excisão alargada (ELA) e a ressecção abdominoperineal do reto (APR). Existe ainda a possibilidade de videolaparoscopia no tratamento de lesões de pequeno tamanho e não invasivas. Estudos mostram que o tumor é pouco responsivo tanto a quimio quanto a radioterapia neoadjuvante. Contudo, independentemente da abordagem, a doença apresenta alta taxa de mortalidade, com sobrevida em 5 anos de até 35%.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

LETICIA TREVISAN CORRÊA, NICOLAS GONÇALVES LAMAS, THOMAS HENRIQUE MANCHINI, LUIZ EDUARDO SANTA ROSA, LUCIANO FERREIRA DUTRA, ALEXANDRE RIZZATO CALEGARI, GILBERTO PINTO WANDERLEY, LUTCH CARL GRUSZKA