68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ADENOCARCINOMA DE RETO RADIORRESISTENTE, LOCALMENTE AVANÇADO, COM DISSEMINAÇAO PARA REGIAO PERINEAL E FOSSA ILIACA DIREITA - RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Descrever caso de adenocarcinoma de reto localmente avançado com exteriorização pelo canal anal, acometendo região perineal e fossa ilíaca direita, resistente a quimiorradioterapia (QRT).

Descrição do caso

Masculino, 66 anos, com hematoquezia intermitente e emagrecimento de 10kg em 6 meses. Ao exame com lesão vegetante com início a 5 cm da margem anal e ao toque retal, lesão úlcero-infiltrativa, circunferencial, friável, até 8cm da borda anal. CEA de 45,3 ng/ml e estadiamento T4bN2bM0 (III-C). Paciente foi submetido a três biópsias devido características macroscópicas fortemente sugestivas de carcinoma espinocelular, as quais concluíram adenocarcinoma de reto moderadamente diferenciado. Após QRT neoadjuvante com Capecitabina 1650mg/m2 e 5040 cGy, evoluiu com progressão da doença para região perineal, glútea e fossa ilíaca direita (20 cm de extensão). Discutido caso em reunião com equipe de Coloproctologia e Oncologia, em que se optou por tratamento paliativo com novo ciclo de QRT e colostomia derivativa, devido tumor localmente avançado e quimiorradiorresistente.

Discussão e Conclusão(ões)

O câncer colorretal é o 3º câncer mais diagnosticado em homens e 2º em mulheres, com 1,8 milhões de novos casos e aproximadamente 861 mil mortes por ano. Em geral, cerca de 5% dos pacientes apresentam lesões localmente avançadas que invadem órgãos adjacentes, frequentemente sem metástases à distância. Atualmente, a ressecção com anastomose primária é a regra, no entanto, o tratamento paliativo deve ser considerado quando não for possível a ressecção curativa. As taxas de morbidade pós-operatórias das ressecções alargadas, variam de 20-42%, com 1,7-13% de óbitos. Além disso, reconhece-se que essas ressecções apresentam maior risco de recidiva locorregional (26 vs 13%) em comparação ao procedimento padrão. Entre as quimioterapias mais empregadas, estudos evidenciam a equivalência entre Capecitabina e 5-FU, sem diferenças nos eventos locorregionais, sobrevida global, resposta patológica completa e cirurgia poupadora de esfíncter. Dos pacientes, 14,96% apresentam resposta patológica completa, 58,26% parcial, e 28,78% não respondem à QRT, podendo o tumor disseminar por continuidade, contiguidade e, principalmente, vias linfática e hematogênica. Neste caso, o paciente evoluiu para disseminação por continuidade em região pélvica com acometimento cutâneo extenso, com comportamento semelhante ao CEC de canal anal, quimiorradiorresistente e de crescimento acelerado em vigência da terapia neoadjuvante. Dessa forma, uma vez reconhecido que na doença localmente avançada o tratamento cirúrgico determina maior morbi-mortalidade e recidiva local, com diminuição da sobrevida global, a decisão de realizar um procedimento alargado deve ser considerada individualmente e de acordo com as características do tumor.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

Debora Fontes Santos, Sergio Henrique Couto Horta, Sandra Di Felici Boratto, Flávia Bálsamo, Diogo Fontes Santos, Marcella Conz Rodrigues, Rodrigo Lavigne Gesteira Slaibi