68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

HAMARTOMA CISTICO RETRORRETAL(TAILGUT CYST): RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Relatar o caso de uma paciente portadora de tumoração expansiva em região retrorretal, cujo anatomopatológico evidenciou Hamartoma cístico retrorretal (Tailgut Cyst).

Descrição do caso

M.R.A, feminino, 64 anos, tabagista de longa data, com história de laringectomia e traqueostomia definitiva há 7 anos, devido a adenocarcinoma espinocelular de laringe, atendida no ambulatório de cirurgia oncológica com queixa de desconforto lombar eventual de longa data, o qual associava a alteração postural. Apresentava, ao toque retal, abaulamento mucoso em região póstero-lateral à direita, sem lesões palpáveis. Em PET-CT evidenciava lesão expansiva e arredondada com densidade de partes moles na parede lateral direita do reto e musculatura levantadora do ânus, sem metabolismo glicolítico. Ressonância magnética evidenciou formação cística contendo conteúdo espesso, de contornos bem definidos em região retro e para-retal à direita, abaulando o reto, insinuando-se entre a transição anorretal e o músculo levantador do ânus a direita. A terapêutica adotada foi a intervenção cirúrgica a partir de uma abordagem incisional posterior parassacral (via de Kraske modificada) com preservação do sacro e exérese de lesão cística retrorretal, sem complicações. O histopatológico evidenciou cisto multiloculado de aspecto benigno, limitado por epitélio escamoso estratificado, células de transição e epitélio glandular/mucinoso, confirmando o diagnóstico de Hamartoma cístico retrorretal.

Discussão e Conclusão(ões)

O hamartoma retrorretal, ou Tailgut Cyst, é um tumor retrorretal congênito raro, originado de remanescentes embrionários do intestino posterior, principalmente encontrado no espaço pré-sacral ou retrorretal. Normalmente são assintomáticos, tendo, portanto, detecção difícil e diagnóstico tardio, com incidência estimada em 1/40.000, atingindo mais o sexo feminino, entre 30-60 anos. Apenas quando atingem maiores dimensões, podem causar efeitos de massa local, com sintomas como constipação intestinal, dor retal e desconforto ao evacuar, dor lombar e sacral. Quando não tratado, complicações como abscessos ísquio-anais, fístulas anorretais, sangramento, ou até mesmo ocorrência de malignização podem ocorrer. O tipo histológico maligno mais frequentemente encontrado é o adenocarcinoma, seguido por tumores carcinoides. A paciente apresentava sintomas de compressão, devido à massa já estar bem delimitada no espaço pré-sacral e insinuando-se para a luz retal. A abordagem cirúrgica de eleição foi a incisão posterior parassacral com preservação do sacro (via de Kraske modificada), sem complicações, com boa evolução pós-operatória e manutenção da continência anal. Mostrando-se, então, uma boa opção cirúrgica, com ressecção satisfatória da lesão.

Área

Doenças do assoalho pélvico / Fisiologia Intestinal e Anorretocólica

Autores

Jéssica Montenegro Pontes, Martina Bragante Fernandes Pimenta, Carlos Roberto Carvalho Leite, Ernesto de Souza Diniz Neto, Francisco Junior Pereira Leite, Arthur Bezerra Lyra Ferreira, Azif Davi Lemos, José Calixto da Silva Neto