68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

AVANÇO DE RETALHO MIOCUTANEO V-Y PARA RECONSTRUÇAO DO PERINEO APOS AMPUTAÇAO ABDOMINO-PERINEAL

Objetivo(s)

Avaliar a funcionalidade da técnica V-Y em paciente com câncer retal.

Descrição da técnica

Após retossigmoidectomia com excisão total do mesorreto, paciente fica pronada na mesa cirúrgica com as pernas abertas e fixadas.
Realizada marcação com caneta própria dos limites do retalho V-Y e um “X” marcando a artéria glútea superior.
Uma excisão elíptica é feita fora do ânus, sempre com uma compressa em contato com o tumor para diminuir o risco de contaminação.
A abertura por planos é feita, tendo como algumas das referências principais a tuberosidade isquiática nas laterais e o cóccix na parte superior.
O glúteo máximo e o músculo elevador do ânus são identificados.
Realizada fratura da porção distal do cóccix.
Realizada ressecção abdominoperineal propriamente dita, tendo os músculos elevadores do ânus direito e esquerdo como referências laterais.
Realizado contorno da incisão para excisão da parede posterior da vagina (último segmento anterior).
Antes da reconstrução do períneo, é deixada uma sonda Foley número 26 com o balão insuflado com 60 ml para ajudar no fechamento do oco pélvico.
Realizada incisão em “Y” unilateral com bisturi frio no lado direito da paciente até a fáscia da musculatura glútea com identificação e preservação da arteira glútea superior.
Após isolado o retalho, foi realizado seu avanço, conectando o ponto mais distal e inferior do lado direito com o ponto mais distal e inferior do lado esquerdo da paciente.
A junção do “Y” do lado direito é deslocada para o ponto mais distal e inferior do glúteo direito, resultando na forma em “V” após sutura dos pontos mais laterais, formando uma linha horizontal no glúteo ipsilateral com pontos de Donatti.

Discussão e Conclusão(ões)

Relato do Caso: N.A.L.B., sexo F, 65 anos, com nodulação anal, hematoquezia, tenesmo. À colonoscopia, apresentou a 4 cm da borda anal. Anatomopatológico demonstrando adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Foi submetida a QRT por 56 dias. Estadiamento pré-neo: cT4bN+M1a (cadeia lateral) e Estadiamento pós-neo: cT4bN+M1b (pulmão). Estadiamento patológico pós cirurgia: pT4b, pN1b, pMX.
Discussão: Nos casos de tumores de reto com invasão de órgãos vizinhos (T4), utiliza-se alguma forma de exenteração pélvica, procedimento invasivo que provoca lesões perineais significativas, fazendo-se necessário o uso de retalhos, livres ou de avanço, para fechamento. Segundo a literatura, existem essencialmente três tipos: retalhos de avanço V-Y bilaterais, retalhos de transposição de reto abdominal (VRAM) e retalhos de rotação do músculo gracil. Neste caso optou-se pela técnica V-Y. Em relação às alternativas, o retalho V-Y apresentou menor tempo operatório e menor impacto sobre a qualidade de vida do paciente, destacando-se a possibilidade de utilização da técnica pelo cirurgião colorretal.
Conclusão: Foram avaliadas as vantagens da técnica utilizada, levando em conta a qualidade de vida, bem como os aspectos estéticos finais da cicatriz cirúrgica.

Área

Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas / Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais

Autores

Lucas Sena Leme, Roberta Laís dos Santos Mendonça, Danilo Toshio Kanno, Artur de Oliveira Ribeiro, Natalha Cristina de Carvalho, Mariana Maitto Osmak, Vanessa de Oliveira, Carlos Augusto Real Martinez