68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

USO DO INFLIXIMAB NO TRATAMENTO DA HEMORRAGIA DIGESTIVA GRAVE POR DOENÇA DE CROHN

Objetivo(s)

Relatar um caso clínico sobre o uso do infliximab como tratamento do sangramento intestinal agudo grave devido a Doença de Crohn

Descrição do caso

Paciente masculino, 23 anos, previamente hígido admitido no pronto socorro devido a volumosa enterorragia e dor abdominal. Apresentava choque grau II. Mucosa retal apresentava processo inflamatório na anuscopia. Tratado inicialmente com hidratação endovenosa e hemotransfusões. A colonoscopia durante o internamento evidenciou pancolite severa e diagnóstico de retocolite ulcerativa grave Mayo 3. Iniciada mesalazina e corticoterapia, sendo que paciente evoluiu com distensão colônica e sinais de sepse por megacólon tóxico. Submetido a colectomia total com ileostomia terminal. No 12° pós-operatório evoluiu com fistulas enterocutâneas de alto débito e enterorragia severa pela ileostomia com necessidade de politransfusão sanguínea, corticoterapia endovenosa e nutrição parenteral. Foi tratado clinicamente por 9 dias com necessidade de 14 unidades de concentrado de hemácias, 6 unidades de plasma e 6 unidades de plaquetas e apresentou episódios de instabilidade hemodinâmica. Realizou enteroscopia que mostrou intenso processo inflamatório difuso no íleo distal com presença de sangue e coágulos. A hipótese de doença de Crohn (DC) foi aventada e a conduta definida, devido a refratariedade da enterorragia, foi a administração de 400mg de Infliximab intravenoso. No quinto dia após o anti-TNF cessou-se a enterorragia e o débito das fístulas enterocutâneas diminuiu. Atualmente o paciente não apresenta fístulas, está em uso de azatioprina 200mg por dia e 400mg mensal de infliximab e sem novos quadros de enterorragia.

Discussão e Conclusão(ões)

Discussão: O sangramento gastrointestinal grave na DC é raro. A patogênese do sangramento é incerta, a maioria é difuso e por múltiplas ulcerações amplas e profundas. Para pacientes instáveis ou com sangramentos recorrentes opta-se pelo manejo cirúrgico, mas com o risco de o doente desenvolver síndrome do intestino curto. O uso do infliximab tornou-se uma ótima opção pois promove altas taxas de cicatrização da mucosa intestinal sem necessidade da identificação do local preciso da hemorragia, evitando grandes ressecções intestinais e demais complicações pós-operatórias, sendo que seu uso continuado propicia baixas taxas de ressangramento.
Conclusão: Optar por um tratamento que cicatrize a mucosa intestinal de maneira veloz é a ferramenta ideal para evitar e controlar o sangramento grave por DC. O uso do infliximab foi eficaz opção terapêutica nesse caso, evitando múltiplas ressecções intestinais.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Daniele Rezende Ximenez, André Pereira Westphalen, Geanine Baggio Fracaro, Natasha Lure Bueno Camargo, Jackson Vinicius Lima Bertuol, Lucas Zenni Salomão