68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

FARMACODERMIA ASSOCIADA AO USO DE AZATIOPRINA EM PACIENTE COM DOENÇA DE CROHN

Objetivo(s)

Relatar sobre caso clínico de uma paciente com farmacodermia após uso de azatioprina.

Descrição do caso

L.V.N. G, 16 anos, feminino, com doença de crohn diagnosticada em 2017 após episódio de abdome agudo inflamatório em 2016 (apendicite aguda), inicialmente tratada com mesalazina 2,4g/dia e azatioprina 100mg/dia. Após cerca de um ano da primeira abordagem cirúrgica evoluiu com dor abdominal em fossa ilíaca direita com dificuldade evacuatória, sendo optado por ileotiflectomia. No pós-operatório foram solicitadas sorologias e proposto terapia com imunobiológicos. Ao otimizar as drogas a paciente evoluiu com melhora do quadro clinico e remissão dos sintomas. Em 2019, L.V.N. G procura pronto socorro devido erupções cutâneas, não dolorosas, pruriginosas e avermelhadas distribuídas por todo o corpo e sem outras alterações.
Na ocasião foram levantadas as hipóteses de herpes zoster e famacodermia.

Discussão e Conclusão(ões)

Muitas são as medicações usadas no manejo da doença de crohn, sendo elas, os corticosteroides, a azatioprina e imunobiológicos. Em pacientes que são corticodependentes torna-se necessária à inserção de outra medicação, como por exemplo, a azatioprina. A absorção desta droga ocorre no trato gastrointestinal culminando na formação de nucleotídeos. Sabe-se que para atingir o pico desejado esta droga pode demorar cerca de 3 a 4 meses e, cerca de 5 a 10% dos pacientes, podem evoluir com intolerância a uso da droga, independentemente da dose.
A apresentação desta paciente, com manchas eritematosas e pruriginosas, associada à distribuição corporal aleatória, bem como o uso das medicações, leva a firmar com maior facilidade a hipótese de farmacodermia. Tal reação adversa apresenta-se pela formação de anticorpos Ige específicos ao fármaco. As alterações de pele são mais comuns, porém outras manifestações também podem ser desenvolvidas. A maioria das reações inflamatórias é mediada por linfócitos T CD4+ e CD8+, sendo uma reação de hipersensibilidade do tipo IV e, portanto, uma reação retardada que requer semanas a meses para se manifestar.
No caso descrito, a conduta tomada, foi à suspensão da azatioprina e manutenção dos demais medicamentos. Vale ressaltar, que o uso de corticoides neste caso, pode acelerar a recuperação e melhorar o quadro clinico mais rapidamente.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Rayama Moreira Siqueira, Gabriel Alcarás Góes, Leticia Rulli Brienze, Brunno Augusto José Costa, Daniel Castilho Silva, Rodrigo Magrini, Carlos Augusto Real Martinez