68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

PROCTOCOLECTOMIA TOTAL E RECONSTRUÇAO DO TRANSITO COM BOLSA ILEAL EM SEGUNDO TEMPO CIRURGICO EM JOVEM COM DOENÇA DE CROHN E OBESIDADE MORBIDA: UM DESAFIO TERAPEUTICO. RELATO DE CASO.

Objetivo(s)

Relatar caso de proctocolectomia total com bolsa ileal em segundo tempo cirúrgico, em paciente com Doença de Crohn (DC) e obesidade mórbida.

Descrição do caso

Feminino, 24 anos, IMC 40, com DC de cólon, diagnosticada há 9 anos , tratada inicialmente com mesalazina, e anti-TNF alfa (infliximabe) nos últimos 5 meses. Mantinha atividade grave e após realizar colonoscopia de controle foi diagnosticada lesão úlcero vegetante de cólon sigmóide cujo histopatológico revelou adenocarcinoma pouco diferenciado. Foi submetida à proctocolectomia total com sepultamento distal ao nível do canal anal anatômico e ileostomia terminal. No pós- operatório, foi optado pela troca do tratamento imunobiológico para anti interleucina (ustequinumabe). Após 10 meses de tratamento e DC controlada, foi realizada reconstrução de trânsito intestinal com confecção de bolsa ileal em jota sem ileostomia derivativa. Evoluiu sem intercorrências com no máximo 4 evacuações ao dia. Após 6 meses, paciente segue com controle da doença e sem complicações da bolsa ileal.

Discussão e Conclusão(ões)

A DC é um distúrbio inflamatório crônico que cursa com envolvimento primário do intestino delgado ou cólon na maioria dos casos. Após 8 a 10 anos de doença ativa, há 1% de risco de formação de adenocarcinoma por ano de doença transcorrido. Nos pacientes com doença de Crohn e diagnóstico de neoplasia, a proctocolectomia total deve ser considerada devido ao elevado risco de neoplasias metacrônicas. Dentre os procedimentos cirúrgicos para o cólon, pode-se indicar a colectomia total com ileostomia definitiva, a proctocolectomia total com bolsa ileal em jota, em único tempo cirurgico, geralmente com realização de ileostomia derivativa e a proctocolectomia total com ileostomia temporária - um procedimento por etapas que inclui o fechamento do reto com ou sem a construção de uma fístula mucosa. Essa última abordagem é indicada em situações críticas, como gestação e colite fulminante aguda - que requerem manejo cirúrgico emergente - obesidade extrema - como no caso desta paciente - pelve estreita e incerteza de diagnóstico entre colite ulcerativa e DC. Devido à tendência de complicações pós-operatórias mais freqüentes associadas à desnutrição, corticosteroides ou infliximabe, geralmente realiza-se um procedimento por etapas para esses pacientes. Apesar da proctocolectomia total com bolsa ileal ser o padrão ouro para RCUI, há alguns autores que criticam seu uso no pacientes com DC devido ao alto índice de complicações, tais como falência do reservatório, bolsite, recorrência da doença no reservatório, risco aumentado de formação de fístulas, estenoses e incontinência. O relato nos leva a discutir a possibilidade de realizar a reconstrução de trânsito intestinal tardiamente à proctocolectomia total, em paciente obesa mórbida, uma vez que a DC esteja inativada através do tratamento clínico.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Debora Fontes Santos, Sandra Di Felice Boratto, Flávia Bálsamo, Sérgio Henrique Couto Horta, Diogo Fontes Santos, Marcella Conz Rodrigues, Rodrigo Lavigne Gesteira Slaibi, Thomas Eduardo Jerusalmy