68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ALTERAÇOES PELVICAS FUNCIONAIS APOS CIRURGIA DE ENDOMETRIOSE NO NERVO CIATICO – RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Relatar caso atípico de endometriose profunda com acometimento de nervos periféricos e boa resposta pós-operatória com tratamento de reabilitação pélvica.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 38 anos, nuligesta, referia dor sacrococcígea que irradiava para membros inferiores associada a parestesia, dismenorreia e dispareunia há 2 anos. Sintomas pioravam no período menstrual. O exame proctologico demonstrou nódulo doloroso em região de reto inferior na parede anterior. Foi submetida a ressonância magnética, que localizou lesões de endometriose com padrão de fibrose em peritônio com envolvimento do nervo hipogástrico, raízes esplâncnicas, plexo lombossacro e artéria uterina esquerda. Além disso, ultrassonografia anorretal demonstrou a presença de focos na junção anorretal e aderências em alça posterior. Optou-se então pelo tratamento cirúrgico. Realizado ooforoplastia direita, shaving intestinal e colpectomia. Após 10 dias, paciente evoluiu no pós-operatório com obstipação, perda do desejo de evacuar, perda da sensibilidade urinária, sensação de evacuação incompleta e incontinência urinaria de esforço. Encaminhada para fisioterapia de reabilitação pélvica, biofeedback, tratamento comportamental e associada com estimulação percutânea do nervo tibial posterior. Seis meses após inicio da reabilitação pélvica, paciente apresenta ganho considerável de contração voluntária máxima, endurance e relaxamento completo do puborretal durante o esforço evacuatório. Relata maior sensibilidade e percepção vesical, sensação de evacuação completa, nega dor, nega escapes de urina, gases e fezes, bem como urgências.

Discussão e Conclusão(ões)

Trata-se de um caso atípico de endometriose profunda com acometimento de componentes nervosos. Geralmente o acometimento de nervos periféricos pela endometriose se dá por focos que estão implantados há muito tempo no peritônio. A grande dificuldade hoje, tratando-se de endometriose profunda, é submeter ou não o paciente ao tratamento cirúrgico, pelo fato de se tratar de um procedimento complexo que pode deixar sequelas irreversíveis. Além disso, mesmo em técnicas onde os nervos são preservados, há uma sequela temporária, a qual não se pode prever prontamente se será definitiva ou não.
Conclusão: A ressecção de lesões de endometriose profunda pode deixar sequelas irreversíveis, logo precisa ser indicada com cautela. Além disso, a fisioterapia pélvica e estimulação percutânea do nervo tibial deve ser prescrita como uma maneira de alcançar um melhor prognóstico.

Área

Doenças do assoalho pélvico / Fisiologia Intestinal e Anorretocólica

Autores

Letícia Rahal Cardoso Barucci, Gustavo Kurachi, Univaldo Etsuo Sagae, Patrícia Gotardo, Claudio Peixoto Crispi, Fabiano Elias Porto, Doryane Maria dos Reis Lima