68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

LINFOMA COLORRETAL – RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Relatar caso raro de câncer retal.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 50 anos de idade, há 2 anos submetida a endoscopia digestiva alta (EDA) revelando múltiplos pólipos, os quais foram removidos por polipectomia convencional. Paciente segue em acompanhamento clinico sem queixas. Há 4 meses realizou nova EDA evidenciando pólipo em lesão de espalhamento lateral (LST). Além de manometria anorretal, que demonstrou hipotonia esfincteriana de repouso e contração, mas ausência de anismus e outras alterações funcionais do canal anal. Outros exames foram realizados para evidenciar o diagnóstico. No exame de ressonância magnética (RNM) foi encontrado lesão invasiva na camada muscular, com envolvimento de 60% da luz retal e do canal anal, além de múltiplos linfonodos suspeitos de neoplasia. Além disso o exame de ecografia endoanal 3D, apresentou lesão ulcerada no reto inferior, no quadrante posterior invadindo a musculatura própria com estadiamento ultrassonográfico T2N1 sem plano de clivagem com canal anal, além de presença de 7 linfonodos perilesionais. Paciente foi devidamente orientada sobre possível câncer anorretal e submetida a biopsia endoscópica, na qual a análise anatomopatológica observou achados favoráveis a neoplasia linfoproliferativa de células B.

Discussão e Conclusão(ões)

: Os linfomas gastrointestinais primários são raros e respondem por ± 5% dos linfomas não Hodgkin. Destes, 10% a 20% estão localizados no cólon e no reto, compondo <0,1% de todos os tumores colorretais. O subtipo mais comum é o linfoma de células B. Os linfomas de células T são incomuns, mas são relatados em maior proporção nos países da Ásia. É uma doença agressiva e mais prevalente em pacientes entre a sexta e sétima década de vida. Frequentemente as lesões apresentam padrão fúngico ou ulcerosa, sendo que quando ultrapassa 1cm de extensão, denomina-se lesão de espalhamento lateral (LST). Além disso, apresenta crescimento lento sendo então, um difícil diagnóstico. Em alguns casos, relaciona-se a infecção por HIV e/ou hepatite, entretanto no caso relatado, a paciente não apresentava histórico de doenças que justificassem a neoplasia, tornando o caso ainda mais atípico. Conclusão: Devido à sua raridade, há pouca literatura primária sobre o linfoma colorretal. As séries de casos anteriores incluíam freqüentemente linfoma gástrico e do intestino delgado e não orientavam o manejo do linfoma colorretal. Há controvérsias sobre o papel da cirurgia em pacientes com linfoma cólon e retal. O linfoma colorretal continua sendo uma doença pouco estudada com desafios no diagnóstico e tratamento. Este estudo não demonstrou uma diferença de sobrevivência para o manejo cirúrgico versus quimioterapia sozinha; no entanto, aqueles com lesões em massa singulares do cólon, particularmente no ceco, correm maior risco de sofrer intervenção urgente e devem ser considerados para intervenção cirúrgica inicial.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

Leticia Rahal Cardoso Barucci, Matheus Antunes Tricarico, Yasmin Padilha, Alberto Fernando Shigueaki Takahashi, Doryane Maria dos Reis Lima, Univaldo Etsuo Sagae, Gustavo Kurachi