Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: CARCINOMA ESPINOCELULAR DE CANAL ANAL RECIDIVADO APOS DEZ ANOS DE TRATAMENTO COM RESPOSTA COMPLETA
Objetivo(s)
Os tumores de canal anal são incomuns, representando apenas 3% dos tumores anorretais, dentre eles o carcinoma espinocelular (CEC) é o mais freqüente. O tratamento dos tumores de canal anal foi revolucionado com os trabalhos de Nigro et al, com o destaque para a radio e quimioterapia, com sobrevida em 5 anos de até 90%. No entanto, o papel da cirurgia nos tumores de canal anal atualmente, apesar de restrito na abordagem inicial, é importante nos casos de falha do tratamento clínico, e no controle das recidivas, o qual é objetivo desmontado nesse relato.
Descrição do caso
Paciente, sexo feminino, com queixas de tenesmo, hematoquezia e emagrecimento, foi diagnosticado em 2006 aos 47 anos com CEC de Canal Anal T2, Estadio II. Ao toque retal apresentava lesão dolorosa e tocável até quatro cm da borda anal, realizado biópsia evidenciou CEC de Canal Anal. Paciente foi submetida a tratamento com esquema de radio e quimioterapia por 4 semanas, com 5-FU e Mitomicina C, incluindo radioterapia de cadeias linfáticas pélvicas. Evoluiu com resposta completa, em seguimento semestral de controle. Em 2015, aos 56 anos, proctológico de seguimento identificou uma lesão a 4 cm da borda anal cuja biopsia demonstrou CEC invasivo bem diferenciado. Paciente iniciou novo ciclo de quimioterapia e foi submetida a ressecção em cunha desta lesão cujo anatomopatológico confirmou CEC invasivo. Realizada Ressecção Abdominoperineal com linfadenectomia para tratamento curativo, sem intercorrências. Paciente mantendo seguimento oncológico, sem sinais de recidiva da doença.
Discussão e Conclusão(ões)
A terapêutica dos cânceres de canal anal evoluiu notavelmente nos últimos anos. Até a década de 80 a Ressecção Abdominoperineal(RAP) era o tratamento inicial de escolha,porém com o avanço da quimio e radioterapia, o esquema Nigro tornou-se o tratamento padrão inicial para os tumores do canal anal com ótimas taxas de sobrevida, chegando até 90% em 5 anos. As taxas de recidiva permanecem baixas, principalmente após os primeiros anos do tratamento, no entanto o tempo de seguimento destes pacientes bem como os exames de seguimento de escolha ainda são controversos mesmo entre os especialistas. Quanto ao tempo de seguimento, na literatura existem grupos que defendem seguimento de até 3 anos após resposta completa, pois afirmam que somente 7% das recidivas ocorrem após este prazo.O aparecimento de novas lesões após este período,traz questionamentos quanto ao tempo ideal de seguimento destes pacientes, e levanta a possibilidade tanto de recidiva quanto de novo tumor. Até o momento estas lesões têm sido tratadas como recidiva e quase que exclusivamente de forma cirúrgica, com RAP.
Apesar de todos os avanços na terapêutica radioterápica e dos métodos de imagem, o seguimento ideal dos cânceres de canal anal permanece em discussão. A individualização de cada caso parece até o momento ser o melhor modelo a ser seguido, sendo inadequado simplificar a abordagem destes tumores.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
Bárbara Parente Coelho, Pamela Cristina Bellaz do Amaral Campos Silva , Marcela Maria Silvino Craveiro, Luiz Henrique Cury Saad, Rogério Saad Hossne, Alexandre Bakonyi Neto, Carlos Alberto Castro, Walmar Kerche de Oliveira