Dados do Trabalho
Título
DIAGNOSTICO POR CISTOSCOPIA DE CANCER COLORRETAL COM FISTULA COLOVESICAL
Objetivo(s)
Relatar caso de câncer colorretal com fístula colovesical diagnosticado por cistoscopia
Descrição do caso
M.R.K., 84 anos, feminina, hipertensa e diabética, com histerectomia há 20 anos, sem história familiar de neoplasia. Foi atendida no pronto atendimento com queixas de infecção urinária de repetição, astenia e perda de oito quilos em cinco meses. Referia alteração do hábito intestinal, alternando constipação e diarreia. Ao exame físico, estava descorada, emagrecida, abdome doloroso em hipogástrio. Toque vaginal com abaulamento endurecido em parede posterior e resíduos fecais. Toque retal com esfíncter hipotônico e abaulamento endurecido em parede anterior. Exames laboratoriais com anemia (Hb 7g/dL), leucocitose (19.600), elevação de proteína C reativa e análise de urina infecciosa. Submetida a tomografia computadorizada de abdome com contraste endovenoso identificando-se espessamento do cólon sigmoide, associado a massa heterogênea, de volume aproximado de 237cm3, invadindo a parede posterior vesical e protuindo para o seu interior, associado a focos gasosos. Paciente foi internada e recebeu transfusão de concentrado de hemácias e antibiótico terapia. Realizado retossigmoidoscopia com compressão extrínseca a 25cm da borda anal impedindo a progressão do aparelho, sem lesões endoluminais. Realizado cistoscopia com grumos de material fecalóide intravesical e lesão esbranquiçada em cúpula, biopsiada. O anatomo-patológico da lesão vesical foi adenocarcinoma de alto grau, e o estudo imuno-histoquímico, mostrou imunoexpressão para CDX2 sugerindo sítio primário colônico. Exames de estadiamento com CEA 68,15ng/mL e nódulo espiculado em lobo inferior direito sugestivo de acometimento secundário. Devido idade e estado clínico, paciente foi submetida a transversostomia e encaminhada à quimioterapia paliativa.
Discussão e Conclusão(ões)
Fístulas colovesicais são complicações raras, e as causas mais comum são doença diverticular, seguida por doença de Crohn e neoplasia colorretal.A proporção entre homens e mulheres é 3:1, devido o posicionamento do útero entre a bexiga e o cólon sigmóide. As manifestações mais comuns são infecção do trato urinário, pneumatúria e fecalúria. A cistoscopia é o exame de maior acurácia, mostrando alterações em até 79% dos casos. O câncer colorretal é o terceiro tipo mais frequente em homens e o segundo entre as mulheres.Na suspeita de câncer colorretal, a retossigmoidoscopia permite localizar e realizar biópsia da lesão. A apresentação do câncer colorretal com fístula colovesical é rara e pouco relatada na literatura. Estudo de 2004 com 380 pacientes, somente 11 (2,9%) casos apresentavam fístula, e apenas quatro eram fístulas colovesicais.
Conclusão: O caso relata uma manifestação incomum do câncer colorretal. E o diagnóstico patológico foi feito com biópsia por cistoscopia, que não costuma ser um exame rotineiro para diagnóstico desse tipo de neoplasia.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
Mariana Aniceto, Marcela Maria Silvino Craveiro, Luiz Henrique Cury Saad, Rogério Saad Hossne, Alexandre Bakonyi Neto, Carlos Alberto Castro, Daniel Mendes Shiroma, Fernando da Silva Zambonini