68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ADENOCARCINOMA DE RETO INTRA PERITONEAL SINCRONICO COM ENDOMETRIOSE PROFUNDA - RELATO DE CASO

Objetivo(s)

RELATAR UM CASO SOBRE SINCRONICIDADE DE TUMOR MALIGNO DE RETO COM ENDOMETRIOSE PROFUNDA E SEU TRATAMENTO VIDEOLAPAROSCÓPICO

Descrição do caso

C.L.O, feminino, 46 anos, há 1 ano apresentava episódios esporádicos de melena (4/mês) não relacionados com a menstrução. Após 6 meses iniciou hematoquezia em pequena quantidade (1x/mês). Foi submetida a colonoscopia que identificou lesão vegetante a 8cm de borda anal (BA). Realizado biópsias: adenocarcinoma bem diferenciado – adenoma tubular de alto grau. Encaminhada ao nosso serviço, realizou RNM de pelve apresentando lesão expansiva vegetante de característica neoplásica de reto médio/alto em parede anterolateral direita, 10cm da BA, com extensão de 3cm e extensão extramural de até 3 mm; endometriose pélvica com hemagioma hepático de 8 x 5cm com compressão de veia cava retrohepática e leve impressão de deslocamento inferior de veia e artéria hepática. CA125: 886, com demais marcadores tumorais normais. Submetida a retossigmoidectomia videolaparoscópica com rafia de fundo vaginal, salpingectomia direita, cistectomia segmentar com rafia primária e anastomose colorretal a 6 cm BA grampeada. Evoluiu com fístula retovaginal no 5º pós operatório sendo realizada uma ileostomia protetora e drenagem da cavidade após 6 dias. Após 2 meses da última abordagem, foi realizado o fechamento da ileostomia. Anatomopatológico: adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado infiltrando até muscular própria com focos de diferenciação mucinosa, com margens livres de lesão (T2N0M0). Fragmento da cistectomia e tuba uterina com focos de endometriose glandular e estromal. Paciente evoluindo sem queixas ou novos episódios de sangramento.

Discussão e Conclusão(ões)

A endometriose é a 2ª doença ginecológica benigna mais comum. A teoria mais aceita para a patogênese seria a menstruação retrógrada sucedida pela implantação das células endometriais no peritônio e nas vísceras pélvicas. Endometriose profunda é definida como a infiltração além de 5 mm do peritônio, correspondendo a 5-12% dos casos de endometriose. Nesses casos, mais de 90% localizam-se no reto ou sigmóide distal. A endometriose no retossigmoide pode causar alterações no hábito intestinal e sangramentos, similarmente as neoplasias colorretais. Quando acomete a mucosa, a paciente pode cursar com sangramento e massa polipóide visível aos exames endoscópicos. A RNM parece ser o exame mais sensível, porém ainda assim não permite diferenciar com boa acurácica das neoplasias, sendo esta a principal indicação da videolaparoscopia considerada padrão-ouro para o diagnóstico. Mol et al concluíram que o nível de CA125 pode estar elevado na endometriose, mas seu valor não deve guiar o diagnóstico. A cirurgia é considerada sempre que os sintomas sejam refratários ao uso de medicações e que causem impacto na qualidade de vida. Na endometriose intestinal, esse se torna a terapêutica básica. Inúmero estudos comprovam que a abordagem laparoscópica é factível e segura.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

ITHALO RODRIGO MEDEIROS DE ARAUJO LIMA, FERNANDO BRAY BERALDO, MARCOS VINICIUS PASSOS RODRIGUES SILVINO, ADRIANA CRISTINA VIANNA ALVARENGA, PAULA SEBA RAHE, VICTOR CHULUK SILVA SOARES, AMANDA VILAS CALHEIROS, ROGERIO MACHADO CURY