68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

FASCIITE NECROTIZANTE SEVERA POS APENDICITE AGUDA EM PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVA

Objetivo(s)

Relatar um caso de fasciíte necrotizante severa pós apendicite aguda grau 1 em um serviço de referência em Itajaí – SC.

Descrição do caso

S.A, 54 anos, masculino, testemunha de Jeová, DM2 não insulino dependente, HAS. Paciente vem encaminhado de Luiz Alves, pós apendicectomia há 5 dias, com quadro de dor abdominal difusa de início há 1 dia. Nega febre, náusea, vômitos, alteração do hábito intestinal ou urinário. Ao exame físico: BEG, LACO, hidratado, FC 101, SatO2 99%, PA 110x70. Exame cardiopulmonar sem alterações. ABD: globoso, RHA+, timpânico, defesa voluntária à palpação profunda em epigástrio e hipocôndrio, dor à descompressão brusca. FO seca, sem sinais flogísticos, leve desconforto à palpação. Exames admissionais: Hb 10,9; HT 32,7; leuco 6840 (19%B); Uréia 91; BT 3,4 (BD 2,6); PCR 90; EQU com corpos cetônicos, sem bacteriúria ou leucocitúria. Realizado TC de abdome superior e pelve evidenciando: quadro grave de fasciíte necrotizante de parede abdominal direita e hipogástrio, com acometimento da aponeurose anterior e posterior do músculo reto abdominal direito, oblíquo interno, externo e transverso da região inguinal direita até região inguinal esquerda e tórax na altura da 5ª costela direita. Interna para início de antibioticoterapia (vancomicina, clindamicina e cefepime) e realização de debridamento de tecidos desvitalizados - com incisões intercaladas, inserção de compressas com colagenase, sem abertura da cavidade abdominal. Encaminhado para UTI. Exames laboratoriais do 1° P.O: Hb 7,4, acidose metabólica, leuco 7000 (25%B; 15% meta) evidenciando sepse com consumo de Hb. Discutido necessidade de transfusão com o paciente o qual se recusou. Resultado bacteriológico de cultura da secreção: positiva para Proteus. Seguidos múltiplos novos debridamentos, curativos a vácuo e alteração do esquema antibiótico, houve evolução para bolsa escrotal, piora dos exames laboratoriais e evolução a óbito por choque séptico após 39 dias de internação.

Discussão e Conclusão(ões)

A fasciíte necrotizante (FN) é uma doença infecciosa rara, de progressão rápida e potencialmente fatal (mortalidade de 24-34%) devido à possibilidade de evoluir para choque séptico. Comorbidades como DM, imunossupressão e doença renal crônica pioram o prognóstico. A NF é classificada em quatro classes, sendo a maioria dos casos do tipo I, polimicrobiana. Em sua forma fulminante, o paciente encontra-se com graves sinais e sintomas de choque séptico, além de disfunção de múltiplos órgãos. Na dúvida diagnóstica, o score de LRINEC (Laboratory Risk Indicator for Necrotizin fasciitis Score) diferencia infecções necrotizantes das não necrotizantes através de parâmetros laboratoriais simples.
O manejo da infecção é iniciado com antibióticos de amplo espectro, no entanto drenagem precoce e debridamentos constituem a base do tratamento. Sistemas de curativo a vácuo provaram ser útil no tratamento ao promoverem limpeza da ferida e formação de tecidos de granulação.

Área

Métodos complementares diagnóstico e terapêutica

Autores

Bárbara Tortato Piasecki, Murilo Dalla Costa, Marília Hirth Ribas, Thiago Cavalcante Ribas Pereira, Olga Werlang Muniz, Matheus Copi Kimura, Bruno Lorenzo Scolaro, Clara Garcia Miranda