Dados do Trabalho
Título
FASCIITE NECROTIZANTE SEVERA POS APENDICITE AGUDA EM PACIENTE TESTEMUNHA DE JEOVA
Objetivo(s)
Relatar um caso de fasciíte necrotizante severa pós apendicite aguda grau 1 em um serviço de referência em Itajaí – SC.
Descrição do caso
S.A, 54 anos, masculino, testemunha de Jeová, DM2 não insulino dependente, HAS. Paciente vem encaminhado de Luiz Alves, pós apendicectomia há 5 dias, com quadro de dor abdominal difusa de início há 1 dia. Nega febre, náusea, vômitos, alteração do hábito intestinal ou urinário. Ao exame físico: BEG, LACO, hidratado, FC 101, SatO2 99%, PA 110x70. Exame cardiopulmonar sem alterações. ABD: globoso, RHA+, timpânico, defesa voluntária à palpação profunda em epigástrio e hipocôndrio, dor à descompressão brusca. FO seca, sem sinais flogísticos, leve desconforto à palpação. Exames admissionais: Hb 10,9; HT 32,7; leuco 6840 (19%B); Uréia 91; BT 3,4 (BD 2,6); PCR 90; EQU com corpos cetônicos, sem bacteriúria ou leucocitúria. Realizado TC de abdome superior e pelve evidenciando: quadro grave de fasciíte necrotizante de parede abdominal direita e hipogástrio, com acometimento da aponeurose anterior e posterior do músculo reto abdominal direito, oblíquo interno, externo e transverso da região inguinal direita até região inguinal esquerda e tórax na altura da 5ª costela direita. Interna para início de antibioticoterapia (vancomicina, clindamicina e cefepime) e realização de debridamento de tecidos desvitalizados - com incisões intercaladas, inserção de compressas com colagenase, sem abertura da cavidade abdominal. Encaminhado para UTI. Exames laboratoriais do 1° P.O: Hb 7,4, acidose metabólica, leuco 7000 (25%B; 15% meta) evidenciando sepse com consumo de Hb. Discutido necessidade de transfusão com o paciente o qual se recusou. Resultado bacteriológico de cultura da secreção: positiva para Proteus. Seguidos múltiplos novos debridamentos, curativos a vácuo e alteração do esquema antibiótico, houve evolução para bolsa escrotal, piora dos exames laboratoriais e evolução a óbito por choque séptico após 39 dias de internação.
Discussão e Conclusão(ões)
A fasciíte necrotizante (FN) é uma doença infecciosa rara, de progressão rápida e potencialmente fatal (mortalidade de 24-34%) devido à possibilidade de evoluir para choque séptico. Comorbidades como DM, imunossupressão e doença renal crônica pioram o prognóstico. A NF é classificada em quatro classes, sendo a maioria dos casos do tipo I, polimicrobiana. Em sua forma fulminante, o paciente encontra-se com graves sinais e sintomas de choque séptico, além de disfunção de múltiplos órgãos. Na dúvida diagnóstica, o score de LRINEC (Laboratory Risk Indicator for Necrotizin fasciitis Score) diferencia infecções necrotizantes das não necrotizantes através de parâmetros laboratoriais simples.
O manejo da infecção é iniciado com antibióticos de amplo espectro, no entanto drenagem precoce e debridamentos constituem a base do tratamento. Sistemas de curativo a vácuo provaram ser útil no tratamento ao promoverem limpeza da ferida e formação de tecidos de granulação.
Área
Métodos complementares diagnóstico e terapêutica
Autores
Bárbara Tortato Piasecki, Murilo Dalla Costa, Marília Hirth Ribas, Thiago Cavalcante Ribas Pereira, Olga Werlang Muniz, Matheus Copi Kimura, Bruno Lorenzo Scolaro, Clara Garcia Miranda