68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

ESFINCTEROPLASTIA ANTERIOR COM RECONSTRUÇAO PERINEAL EM PACIENTE COM CLOACA APOS TRAUMA OBSTETRICO

Objetivo(s)

O trauma obstétrico é a causa mais comum de incontinência fecal , a prevalência de incontinência pós-parto na literatura tem uma variação de 3 a 29%. A incontinência determina importante morbidade e impacto psicossocial. O objetivo deste vídeo é demonstrar a técnica de esfincteroplastia anterior e perineoplastia, realizada em conjunto com a equipe da Cirurgia Plástica, no tratamento da incontinência anal de uma paciente com cloaca.

Descrição da técnica

Paciente de 37 anos, 4 gestações prévias com partos vaginais, antecedente de laceração de períneo grau 4 no 2º parto, realizada rafia primária, permaneceu assintomática. Desenvolvimento de cloaca nos partos subsequentes e incontinência anal grave (CCIS 16). Previamente hígida, tabagista ativa (15 maços/ano). Ao exame observada abertura completa da região perineal, comunicando o reto e a vagina. Manometria anorretal identificou ausência de canal anal funcional, hipotonia da pressão de repouso e de contração do esfíncter anal. Indicada Enfincteroplastia anterior e perineoplastia. O paciente é abordado em posição de litotomia, realizada incisão dos retalhos pela equipe da Cirurgia Plástica. Feita incisão transversa no períneo com dissecção no espaço retovaginal, liberando a parede posterior da vagina do reto, então obtida ampliação do canal anal. Seguida da dissecção dos cabos musculares do esfíncter externo do ânus (EEA), e da plicatura do esfíncter interno com sutura contínua. É realizada então a sobreposição dos cabos musculares do EEA com pontos em U. Aproximação dos músculos transverso superficial do períneo e do pubocavernoso com pontos separados de fio absorvível. A paciente apresentou boa evolução no pós-operatório, com alta hospitalar no 5º dia, após evacuar. Em retorno ambulatorial paciente com melhora importante da qualidade de vida, CCIS 4.

Discussão e Conclusão(ões)

A comunicação permanente entre o reto e a vagina, assim como a lesão do esfíncter anal, pode ser o resultado de um reparo primário mal sucedido do trauma obstétrico, determinando incontinência fecal e impacto negativo na qualidade de vida. A esfincteroplastia com sobreposição anterior tem sido o principal procedimento cirúrgico nestes casos, porém as grandes reconstruções do corpo perineal podem apresentar desafios para os cirurgiões. Para as multíparas com incontinência por uma lesão esfincteriana prévia, há um risco de 7 a 10% de laceração recorrente, e a possibilidade de parto cesáreo para prevenir laceração repetida é justificada.
Conclusão: O reconhecimento de uma lesão esfincteriana é importante para a possível prevenção de incontinência e reparo primário adequado. A esfincteroplastia pode ser escolhida como um método de tratamento para a incontinência fecal devido a lesões obstétricas. O tratamento multidisciplinar pode oferecer maior taxa de sucesso e satisfação para o paciente.

Área

Doenças do assoalho pélvico / Fisiologia Intestinal e Anorretocólica

Autores

Aline Costa Mendes Paiva, Rodrigo Ambar Pinto, Bruno Vinicius Hortences Mattos, Monique Mendes, Luiz GUilherme Moraes Prado Mazuca, Fábio Freitas Busnardo, Sérgio Carlos Nahas, Ivan Cecconello