68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

A UTILIZAÇAO DO RETALHO DE MARTIUS NO TRATAMENTO DE FISTULA RETO VAGINAL RECIDIVADA

Objetivo(s)

O presente caso tem o objetivo de explicitar o benefício do tratamento da fístula retovaginal, cujo índice de recidiva é alto, chegando a 80%, pela técnica de correção via vaginal com interposição do retalho de Martius

Descrição da técnica

O caso consiste em uma paciente com fístula retovaginal pós-parto, em uma paciente de 34 anos com tentativa prévia de correção e recidiva da fístula. O procedimento foi realizado com a paciente em posição de litotomia, com sondagem vesical, sob raquianestesia e antibioticoprofilaxia com ceftriaxone e metronidazol. À inspeção, observado orifício fistuloso com diâmetro de uma polpa digital, a 3 cm da borda anal. Realizou-se infiltração da parede vaginal posterior com adrenalina e dissecção de flap de mucosa, até exposição do trajeto fistuloso. Este foi ressecado e seu orifício tratado com sutura absorvível em dois planos. Incisou-se então verticalmente a pele do grande lábio esquerdo e se dissecou um retalho fibroadiposo pediculado. Foi aberta a parede lateral esquerda da vagina e o retalho, rodado para a região da fístula e fixado com sutura absorvível. Por fim, o flap de mucosa foi reaproximado sobre o retalho de Martius e a região doadora teve seu subcutâneo aproximado com sutura absorvível e pele suturada com pontos intradérmicos.

Discussão e Conclusão(ões)

A fístula retovaginal permanece uma afecção de difícil tratamento, com múltiplas opções cirúrgicas disponíveis, havendo procedimentos mais conservadores (como uso de cola de fibrina e retalhos vaginais ou retais) e os mais agressivos, incluindo o retalho de músculo grácil e o retalho de Martius. Muitas pacientes são submetidas a mais de um procedimento para se obter resolução da fístula. Ainda há poucos trabalhos com grande casuística comparando as diferentes técnicas, porém técnicas de interposição de tecido sadio são mais adequadas para o tratamento da fístula recidivada, nas quais a região já fibrótica não apresenta boas condições de cicatrização. O retalho de Martius se apresenta como boa técnica de correção das fístulas retovaginais, na medida em que tem acesso pouco invasivo, com pequenas incisões e pouca alteração anatômica da região e transpõe tecido fibroadiposo sadio para a região, com menor trauma cirúrgico em relação ao retalho de grácil e menor alteração anatômica do canal vaginal por tamanho de retalho. A paciente do caso recebeu alta no 5° pós-operatório e teve uma boa evolução no primeiro mês, mantendo sutura vaginal íntegra, sem dor ou infecção local.
Conclusão: o retalho de Martius consiste em uma boa opção no tratamento das fístulas retovaginais: tem acesso por pequena incisão via vaginal e retalho de fácil dissecção e transposição, com boa recuperação pós-operatória da paciente.

Área

Doenças Anorretais Benignas

Autores

Aline Costa Mendes de Paiva, Rodrigo Ambar Pinto, Leonardo Ervolino Corbi, Daniel de Paiva Magalhães, Rafael Vaz Pandini, Bruno Vinicius Hortences de Mattos, Sérgio Carlos Nahas, Ivan Cecconello