68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RETOCOLITE ULCERATIVA, COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA E NEOPLASIA DE VIAS BILIARES. QUAL A RELAÇÃO? RELATO DE CASO

Objetivo(s)

Verificar a relação entre a retocolite ulcerativa (RCU), Colangite Esclerosante Primária(CEP) e neosplasia de vias biliares.

Descrição do caso

Paciente masculino, 31 anos, portador de RCU desde 2010. Em 2018 estava em uso de mesalazina 3,2gramas/dia, azatioprina 2mg/Kg/dia, e adalimumabe 40mg a cada duas semanas; colonoscopia com atividade ileocolônica e estenose da válvula íleocecal (Mayo 03); calprotectina 90mcg/g; proteína C reativa não reagente. Em 2019 evoluiu com aumento da calprotectina para 725mcg/g, cursou com quadro de icterícia de padrão obstrutivo (bilirrubina direta 7,2 mg/dl) e aumento das enzimas canaliculares. Foi internado no Hospital de referência para investigação diagnóstica. Estava mantendo atividade moderada da Doença Inflamtória Intestinal (DII), escore de CHILD B e MELD 18. Realizada RNM do abdome superior com contraste venoso e colangiorressonância em janeiro de 2019, com achados compatíveis com CEP, além de uma imagem polipóide em colédoco proximal, em torno de 01 cm abaixo da confluência dos hepáticos. Foram suspensas as medicações em uso e iniciado corticoterapia, havendo melhora da atividade clínica da DII. Foi realizada videolaparoscopia em Fevereiro 2019, sendo realizada colecistectomia, biópsia hepática, coledocotomia (biópsia de estenose de colédoco e ressecção de pólipo) e drenagem da via biliar com dreno de Kehr.
O anátomo patológico revelou ausência de fibrose periductal (biópsia hepática), pólipo fibroso, colecistite crônica, adenocarcinoma de padrão papilar (biópsia de lesão de via biliar). Devido a presença de neoplasia o paciente foi submetido a duodenopancreatectomia por videolaparoscopia em Março 2019. No histopatológico verifcou-se que se tratava de um adenocarcinoma invasor multifocal sugestivo de tumor de Klatskin, sem invasão angiolinfática, com exígua margem cirúrgica. Paciente foi de alta hospitalar após 13 dias de pós-operatório, para seguimento em conjunto com a coloproctologia e oncologia. Programação de adjuvância com capecitabina e possível transplante hepático.

Discussão e Conclusão(ões)

Na doença inflamatória intestinal (DII) as manifestações extraintestinais são comuns, e afetam de 5% a 50% dos pacientes. Existe um risco de 5-7,5% de portadores de RCU desenvolverem CEP, a idade mais prevalente está entre 30 e 50 anos e o gênero mais comum é o masculino, compatível com o nosso paciente. Em 20 anos de evolução, a CEP tem risco de 9,5% de desenvolver câncer hepatobiliar. No caso relatado, o quadro neoplásico evoluiu de forma precoce comparado ao que é descrito na literatura. A ressecção cirúrgica é o único tratamento potencialmente curativo para pacientes com colangiocarcinoma.
CONCLUSÃO: A investigação e o diagnóstico precoce da CEP são essenciais para prevenir os desfechos mórbidos relacionados a essas patologia. O caso descrito chama a atenção para relação entre essas três doenças quanto as formas de apresentação, investigação e tratamento.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

Lucas Correia Lins, Manoel Álvaro de Freitas Lins Neto, Luís Henrique Alves Salvador Filho, Matheus Leite Rolim Moreira, Jason Costa Pereira Junior, Camila Wanderley Pereira, Anna Karoline Rocha de Sousa, Maria Carolina Santos Malafaia Ferreira