68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RESSECÇAO DE TUMOR NEUROENDOCRINO DE INTESTINO DELGADO EM PACIENTE COM METASTASES HEPATICAS INOPERAVEIS: RELATO DE CASO E REVISAO DE LITERATURA

Objetivo(s)

Descrever o caso de uma paciente portadora de tumor neuroendócrino (TNE) de intestino delgado, para a qual foi indicada ressecção do sitio primário em vigência de doença metastática inoperável.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 47 anos, assintomática, realizou ultrassonografia de abdome de rotina que evidenciou múltiplos nódulos hepáticos. Prosseguiu investigação diagnóstica com ressonância magnética de abdome, sendo identificadas múltiplas lesões nodulares de até 2cm em parênquima hepático, além de formação nodular de cerca de 4cm localizada na gordura do mesogástrio e aumento numérico de linfonodos mesentéricos. Estudos endoscópicos sem achados. Submetida a PET-TC, com hipercaptação em nódulo no mesentério e em lesão nos segmentos hepáticos VII/VIII. Realizada biópsia hepática guiada por ultrassom, mostrando tratar-se de neoplasia neuroendócrina bem diferenciada (Grau 2). Procedido estudo molecular com análogo de somatostatina, que identificou aumento da expressão em alça de íleo, área suspeita de foco primário, além de lesões hepáticas esparsas em lobo direito, sendo indicada terapia com octreotide. Após avaliação por equipe oncológica multidisciplinar, apesar do caráter irressecável das metástases hepáticas, a paciente foi submetida a tratamento cirúrgico de sítio primário, com enterectomia segmentar, linfadenectomia retroperitoneal e ressecção de tumoração em mesocólon adjacente ao foco primário. O estudo anatomopatológico da peça cirúrgica evidenciou TNE grau 1 de intestino delgado invadindo subserosa, além de metástase para cinco linfonodos regionais (pT3 pN2 M1).

Discussão e Conclusão(ões)

Os tumores malignos primários de intestino delgado constituem apenas 1 a 2% de todas as neoplasias do trato gastrointestinal, dos quais, os TNEs são os mais comuns. A doença tem curso silencioso e indolente. Frequentemente, os pacientes são diagnosticados de forma acidental e, não raro, apresentam doença metastática neste momento. Cerca de 80% das metástases hepáticas são inoperáveis ao diagnóstico. Embora a ressecção combinada do sítio primário e das metástases hepáticas seja recomendada para pacientes selecionados, a ressecção do tumor primário no cenário de doença metastática extensa inoperável permanece controversa. O consenso da Sociedade Europeia de Tumores Neuroendócrinos considera a ressecção do tumor primário necessária, mesmo na presença de metástase hepática ou linfonodal. Jingfei Guo et al, em metanálise publicada em 2017 envolvendo 1.698 pacientes, concluíram que a ressecção do tumor primário com metástase hepática irressecável deve ser realizada, pois o tratamento melhora a sobrevida global dos pacientes. Apesar do tema ainda controverso, as evidências científicas atuais sugerem benefícios na ressecção do sítio primário do tumor neuroendócrino em pacientes com metástases hepáticas irressecáveis. No caso descrito, a paciente segue em terapia com octreotide e doença hepática estável.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

Arthur Rosado de Queiroz, Thiago Maicon Matos de Oliveira Rodrigues, Lina Maria Góes de Codes, Aline Landim Mano, Isabela Dias Marques da Cruz, Flávia de Castro Ribeiro Fidelis, Mayara Maraux Maranhão, Euler de Medeiros Azaro Filho