68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: TRATAMENTO DA HIDRADENITE SUPURATIVA SEVERA DE PERINEO

Objetivo(s)

Relatar um caso de tratamento de hidradenite supurativa severa de períneo em serviço de referência em Itajaí – SC.

Descrição do caso

E.T.S.M, feminino, 16 anos. Diagnosticada e em tratamento há 3 anos para hidradenite supurativa severa em pregas inguinais e região interglútea, foi encaminhada pela dermatologia ao serviço da coloproctologia, quando internada, para exclusão de diagnósticos diferenciais de Doenças Inflamatórias Intestinais e DSTs. Na consulta, paciente relatou hábito intestinal de 4-5x ao dia, consistência 5 na Escala de Bristol, referindo episódios recorrentes de hematoquezia e pus nas fezes. Negou dor pré ou pós evacuatória. Negou etilismo, tabagismo, relatando sedentarismo. Ao exame físico: lesões nodulares, eritematosas e irregulares, com múltiplas fístulas supurativas transdérmicas em regiões inguinal, suprapúbica, perianal e interglútea, de forma coalescente e com secreção purosanguinolenta ativa (Estágio III de Hurley). Nesta consulta foram solicitados exames para exclusão de diagnósticos diferenciais e encaminhamento para avaliar a possibilidade de abordagem cirúrgica das lesões em decorrência da severidade das mesmas. Entre novembro de 2016 e abril de 2017 foram realizadas duas abordagens cirúrgicas, em dois tempos, de debridamento e ressecção de tecidos desvitalizados com avanço de retalho cutâneo, além de instituído tratamento adjuvante com Adalimumabe. Paciente continua em acompanhamento multidisciplinar, apresentando lesões em atividade (Hurley II).

Discussão e Conclusão(ões)

A Hidradenite Supurativa (HS) é uma doença cutânea crônica e supurativa, onde seu curso insidioso inicia com nódulos subcutâneos que se rompem e coalescem, formando abscessos dolorosos na derme profunda. Devido ao fato de as regiões de maior acometimento da doença estarem localizadas na virilha e área anogenital - assim como no caso supracitado - a HS possui um impacto substancial na qualidade de vida e sexual de seus portadores. Apesar de as abordagens cirúrgicas removerem quantidades significativas de tecido, não necessariamente atuam impedindo a recorrência da doença. No caso relatado, a abordagem realizada para o tratamento foi multimodal, utilizando associação de terapia medicamentosa com imunobiológico e abordagem cirúrgica através de excisão ampla, a qual está relacionada com menores taxas de recidiva quando comparada à excisão de tecido com peeling eletrocirúrgico (STEEP).
A excisão ampla possui melhor taxa de cura, no entanto pode estar associada a um maior risco de complicações. O tempo de fechamento da ferida é proporcionalmente prolongado quanto mais elevado é o estágio de Hurley. Portanto, é recomendável considerar uma abordagem gradual de opções cirúrgicas de menos a mais invasiva. Para HS grave a excisão cirúrgica ampla é recomenda em combinação com terapia adjuvante.

Área

Doenças Anorretais Benignas

Autores

Bárbara Tortato Piasecki, Bruno Lorenzo Scolaro, Olga Werlang Muniz, Matheus Copi Kimura, Clara Garcia Miranda, Everson Fernando Malluta, Munique Kurtz Mello, Bárbara Wiese