68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO: TRATAMENTO DE NEOPLASIA INTRA-EPITELIAL DE ALTO GRAU COM IMIQUIMOD

Objetivo(s)

DEMONSTRAR A EFETIVIDADE DO USO DE IMIQUIMOD NO TRATAMENTO DE NEOPLASIAS INTRA-EPITELIAIS DE ALTO GRAU, DIMINUINDO A MORBIDADE EM RELAÇÃO A ABORDAGEM CIRÚRGICA.

Descrição do caso

Paciente de 73 anos, branco, sem história de intercurso sexual anal, procurou nosso serviço queixando-se de lesão elevada e indolor na região perianal, ocupando todos os quadrantes, percebida há um ano, com aumento progressivo de tamanho. As sorologias solicitadas foram negativas. No exame proctológico observou-se uma extensa lesão perianal, com relevo e áreas friáveis ao toque. Foram realizadas biópsias e o estudo histopatológico confirmou a hipótese de neoplasia intra-epitelial de alto grau (NIAa). Na anuscopia de alta resolução (AAR), não identificamos lesões internamente.
Uma vez que o paciente não havia sido submetido a nenhum tratamento, optamos por iniciar o uso de Imiquimod 5%, três vezes por semana. Frente a evolução clinica favorável, a mesma dose foi mantida por 12 semanas. No exame proctológico após o término do tratamento, o paciente mantém lesão plano-elevada, irregular, exulcerada no centro, medindo cerca de 2cm em posição mediana anterior da margem anal, não podendo ser descartada a hipótese de lesão residual.
O paciente foi então, submetido a excisão da lesão residual, e a biópsia de congelação revelou focos de neoplasia intra-epitelial, sem invasão estromal nos cortes examinados. No momento aguardamos laudo histopatológico definitivo.

Discussão e Conclusão(ões)

As neoplasias intraepiteliais anais (NIAs) se desenvolvem a partir da persistência da infecção do Vírus Papiloma Humano (HPV) de alto risco, podendo evoluir para o carcinoma epidermoide de canal anal.
Os tratamentos da NIA baseiam-se na exérese da lesão, em métodos citodestrutivos (físicos ou químicos), imunomodulação ou ainda na combinação dessas modalidades.
Em relação ao emprego de imiquimod, os estudos realizados preconizam seu uso na forma de creme a 5%, por um período de 12 a 16 semanas, três vezes na semana, em dias alternados. Em pacientes imunocompetentes, a eficácia em obter a remissão total das lesões é de cerca de 50%, e em pacientes imunodeprimidos chega a 25%.
O emprego do imiquimod nas lesões anogenitais do HPV, potencializando a resposta imune, pode ser uma alternativa aos métodos cirúrgicos ou citodestrutivos para o controle do HPV, tanto na terapia primária como na combinada, tendo ainda como vantagem, a menor morbidade quando comparado com abordagem cirúrgica.
O caso relatado corrobora o exposto acima, tendo apresentado excelente resposta ao tratamento, com remissão quase total das lesões, conforme documentado em fotos.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

ANNA CAROLINE GUERRO, RENATA ROCHA BARBI, ROBERTA OLIVEIRA RAIMUNDO, THATIANA OLIVEIRA FERREIRA CORREIA, JORGE BENJAMIN FAYAD, JAYNA MARTINS NENO ROSA, ISADORA MENDONÇA BOTELHO DE SOUZA, RINALDO PRATES PERIARD