Dados do Trabalho
Título
TUMOR ESTROMAL GASTROINTESTINAL (GIST) DE CANAL ANAL - RELATO DE CASO
Objetivo(s)
Apresentar relato de caso de um tumor estromal gastrointestinal localizado no canal anal, sintomático, que foi submetido a ressecção endoanal.
Descrição do caso
Paciente BGN, sexo masculino, 76 anos, ex-tabagista, etilista social, com queixa de proctalgia há 5 meses, associada a sensação de corpo estranho em região anal, com relato de alteração do hábito intestinal (diarreia) há 1 ano. Ao toque retal e anuscopia apresentava lesão nodular endurecida em parede lateral esquerda, a 4cm da borda anal, no limite superior do esfíncter interno. O paciente foi submetido a remoção do nódulo, realizada por acesso transanal, com ressecção de parede total a nível de canal anal, incluindo tecido gorduroso mesorretal. No pós-operatório evoluiu sem intercorrências. Em seguimento ambulatorial, o paciente não mais referiu proctalgia ou qualquer outra sintomatologia colorretal anormal.
Ao estudo anatomopatológico, observou-se estrutura nodular medindo 1,7 x 1,7 x 1,6 cm, não foram detectadas necrose e atividade mitótica, margens foram coincidentes com a lesão. O estudo imunohistoquímico evidenciou positividade nas técnicas MX CD 117, MX VIMENTINA, MX CD 34 e MX KI-67 (positivo focal 2%), achados compatíveis com GIST.
Discussão e Conclusão(ões)
Os tumores estromais gastrintestinais (gastrointestinal stromal tumors – GISTs) são a neoplasia mesenquimal mais comum do trato digestivo. As localizações mais comuns são: estômago (60%), intestino delgado (30%) e colo/reto (5%). Quando sintomático, sua clínica pode ser extremamente variável, dependendo de sua localização, tamanho e padrão de crescimento. A avaliação imuno-histoquímica e a morfologia são a base para seu diagnóstico. Cerca de 95% desses tumores são positivos para o c-Kit (CD 117) e/ou DOG-1, e 70% são positivos para CD 34. Para GISTs primários, a cirurgia continua sendo a única medida terapêutica curativa, suficiente para cura Em 60% dos casos. Para qualquer tumor ≥ 2 cm, é recomendada a excisão cirúrgica. Nos tumores < 2 cm a cirurgia só é recomendada em casos sintomáticos; para os assintomáticos, indica-se vigilância endoscópica a cada 6-12 meses se não houver características de alto risco. Para os GISTs retais, no entanto, as diretrizes da European Society for Medical Oncology (ESMO) recomendam independentemente do tamanho, porque o risco de GIST retal é alto e o controle local é crítico. As classificações mais utilizadas para estratificar o risco de recidiva e/ou metástases à distância são as de Fletcher e de Miettinen, que consideram tamanho, índice mitótico e localização do tumor. É sabido que a localização do GIST tem valor prognóstico, com tumores colônicos mais frequentemente apresentando curso desfavoravel com metástase e/ou morte. O risco de recidiva é maior no primeiro ano após a cirurgia e é recomendado seguimento periódico com exames de imagem. O aparecimento de novas lesões, aumento de mais de 10% do tamanho dos tumores ou a identificação de pequenos nódulos no interior destes são sinais de doença em progressão.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
ITHALO RODRIGO MEDEIRO DE ARAUJO LIMA, FERNANDO BRAY BERALDO, JULIANI DOURADO DE ALMEIDA, MARCOS VINICIUS PASSOS RODRIGUES SILVINO, PAULA SEBA RAHE, VICTOR CHULUK SILVA SOARES , AMANDA VILAS CALHEIROS, RODRIGO CAVALCANTI DUARTE GALVAO