Dados do Trabalho
Título
OBSTRUÇAO INTESTINAL SECUNDARIA A ENDOMETRIOSE EM CECO E APENDICE CECAL
Objetivo(s)
Relatar um caso clínico sobre obstrução intestinal secundária à endometriose em ceco e apêndice cecal.
Descrição do caso
Feminina, 29 anos, previamente hígida, admitida no pronto socorro (PS) devido à dor em fossa ilíaca direita (FID) há 6 dias. Negava febre, hiporexia, náuseas, vômitos ou alterações genitourinárias. Ao exame físico apresentou sinais vitais estáveis, com dor à palpação profunda, não sendo identificadas massas palpáveis ou sinais de peritonite. A tomografia computadorizada (TC) de abdome visualizou-se pequena quantidade de líquido livre e imagem sugestiva de processo inflamatório em FID, porém não se visualizou o apêndice cecal. Dada a estabilidade hemodinâmica, ausência de fecalito na TC, melhora clínica, exames laboratoriais bons, boa compreensão da paciente e fácil acesso desta ao PS, optou-se por tratamento conservador. Porém, após um mês de evolução, a paciente retorna ao PS referindo dor abdominal difusa, episódios de náuseas e vômitos, com parada de eliminação de fezes. Ao exame apresentava taquicardia, distensão abdominal e dor a palpação difusa. Devido à piora clínica foi submetida a laparotomia exploradora. No intra-operatório havia moderada quantidade de líquido serossanguinolento em cavidade abdominal, presença de massa bloqueada em ceco e apêndice cecal, com distensão importante de alças do delgado à montante. Realizada íleo-colectomia com ileotransversoanastomose. O laudo anatomopatológico demonstrou a presença de endometriose profunda e obstrutiva em apêndice cecal e ceco, e negativo para malignidades. A paciente apresentou boa evolução recebendo alta hospitalar, com seguimento ambulatorial pela Cirurgia Geral e pela Ginecologia.
Discussão e Conclusão(ões)
A endometriose é a presença de tecido endometrial em locais extra-uterinos, doença benigna que acomete 10% a 15% da população geral de mulheres, o maior número de diagnósticos é entre 29 e 39 anos. O envolvimento intestinal pode ocorrer em até um terço das pacientes, geralmente é assintomático e os locais mais comuns, de acordo com a freqüência de ocorrência, incluem: retossigmoide, cólon proximal, intestino delgado e apêndice. O ceco está envolvido em menos de 5%. A apresentação dos casos sintomáticos é inespecífica, com amplo espectro de diagnósticos diferenciais, como doença de Crohn, apendicite aguda, abscessos tubo-ovarianos, obstruções intestinais ou malignidades. As obstruções decorrem de estenoses causadas por aderências com estruturas próximas ou fibrose da parede intestinal secundária à reação inflamatória causada pelos sangramentos cíclicos, o que causa ao longo do tempo constrição do lúmen intestinal. Na endometriose intestinal, o local mais comum de obstrução é o retossigmoide, sendo a obstrução cecal uma condição rara.
O diagnóstico pré-operatório de obstrução intestinal cecal por endometriose é um desafio devido à inespecificidade dos sintomas e diagnósticos diferencias mais prevallentes, porém é fundamental considerá-lo em mulheres na idade fértil.
Área
Miscelâneas
Autores
Daniele Rezende Ximenez, Andre Pereira Westphalen, Geanine Baggio Fracaro, Natasha Lure Bueno Camargo, Jackson Vinicius Lima Bertuol, Lucas Zenni Salomao, Ana Carolina Ribeiro