Dados do Trabalho
Título
FISTULA COLOVESICAL, ORIGEM COMPLEXA
Objetivo(s)
Relatar caso de fístula colovesical (FCV) de causa complexa com origem determinada por anatomopatológico.
Descrição do caso
Paciente masculino, 43 anos, branco. Queixa-se de dor abdominal, obstipação e emagrecimento de 12 kg há 8 meses. Relata piora da dor abdominal e náusea procurando pronto atendimento. Realizado tomografia computadorizada (TC) demonstrando processo inflamatório de cólon esquerdo associado a divertículo e borramento de gordura. Submetido ao tratamento com Ciprofloxacino e Mesalazina por 30 dias, com melhora parcial relatando cólicas e obstipação. Após 2 meses apresentou pneumatúria, e nova TC demonstrou FCV, dilatação intestinal e coprostase. Encaminhado retossigmoidectomia laparoscópica cujo diagnóstico intra-operatório identificou bloqueio pélvico com fistula sigmoide-vesical e gânglios em raiz da artéria mesentérica inferior. Realizado colectomia clássica com linfadenectomia e na avaliação da peça cirúrgica constatou tratar-se de um câncer de sigmoide fistulizado para bexiga, foi ampliada a cirurgia com cistectomia parcial. O anatomopatológico constatou fistula, adenocarcinoma de sigmoide e doença de Crohn. Foram identificados 52 linfonodos na peça cirúrgica livre de neoplasia, cuja conclusão foi de adenocarcinoma de sigmoide, grau II e tipo tubular. Margens livres e distante da cirurgia 24 cm e aproximadamente 22 cm distal. Há sinais de severa estenose e dilatação intestinal a montante da bexiga com doença inflamatória sem neoplasia com trajeto fistuloso. Presença de sinais histológicos preditivo de instabilidade de microssatélites: reação inflamatória de doença de Crohn-like.
Discussão e Conclusão(ões)
A fístula enterovesical compõem cerca de 80% das fístulas urogenitais. A principal causa de FCV é a doença diverticular de sigmoide responsável por cerca de 2/3 dos casos, seguida de neoplasia e doença de Crohn. A incidência de fistula é cerca de três vezes maior em homens do que em mulheres devido a interposição do útero entre colón sigmoide e bexiga. Não existem critérios diagnósticos de FCV. O diagnóstico baseia-se nos sintomas de pneumatúria e fecalúria em 41-85% e achados de ar livre na bexiga nos exames de imagem. O relato tem valor devido à dificuldade no diagnóstico porque era um jovem com neoplasia, história clinica pobre para doença de Crohn e no exame radiológico sugeriu como primeira suspeita a diverticulite e na segunda tomografia a doença diverticular complicada com fistula colovesical, mas com o tratamento cirúrgico e estudo anatomopatológico demostrou se tratar de uma doença inflamatória que evoluiu para neoplasia, com sub-oclusão e fistula colovesical. CONCLUSÃO: As FCV possuem diversas causas e requerem investigações minuciosas. Este caso tem valor cientifico devido associação de doenças e sucessão de eventos que levaram a FCV. O diagnóstico final, pelo anatomopatológico trata-se de uma doença inflamatória crônica com evolução para neoplasia, com perfuração bloqueada pela bexiga e evolução para fistula.
Área
Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria
Relatos de caso
Autores
Alberto Fernando Shigueaki Takahashi, Leticia Rahal Cardoso Barruci, Ivan Roberto Bonotto Orso, Doryane Maria Reis Lima, Gustavo Kurachi, Rodrigo Nitsche, Univaldo Etsuo Sagae