68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

HERNIA INTERNA ATRAVES DO DEFEITO MESOCOLICO APOS RETOSSIGMOIDECTOMIA LAPAROSCOPICA: A PROPOSITO DE UM CASO E REVISAO DA LITERATURA

Objetivo(s)

Descrever um caso de obstrução intestinal por hérnia interna pelo defeito mesocólico, após retossigmoidectomia laparoscópica e realizar uma revisão de literatura relacionada ao tema.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 59 anos foi submetida a ressecção cirúrgica de adenocarcinoma localizado na junção retossigmoideana. O procedimento cirúrgico foi realizado via laparoscópica, com confecção de anastomose colorretal mecânica extracorpórea. Após a ressecção do cólon, o defeito mesocólico não foi corrigido no final do procedimento. No quinto dia de pós-operatório, a paciente apresentou clínica de obstrução intestinal, sendo submetida a exame de tomografia computadorizada que identificou a presença de uma hérnia interna pelo defeito do mesocólon. A paciente foi então submetida a laparotomia exploradora, e identificou-se que aproximadamente 120 cm de alças jejunais estavam herniadas através do defeito mesocólico. Procedeu-se a redução do intestino delgado herniado sem necessidade de ressecção intestinal. A correção do defeito do mesocólon foi feita com sutura contínua. A paciente teve evolução favorável após a abordagem cirurgia, recebendo alta no quinto dia.

Discussão e Conclusão(ões)

As hérnias internas pelo defeito mesocólico após a realização de colectomia laparoscópica é uma complicação pós-operatória rara com a descrição de apenas 39 casos. A maioria dos casos relatados ocorreram em ressecções do cólon esquerdo e em pós-operatório precoce. Duas grandes séries publicadas mostram uma incidência entre 0,55% e 1,14% de hérnia interna após ressecção do cólon esquerdo. Mas é importante considerar que essa incidência pode ser subestimada. Acredita-se que o mecanismo etiopatogênico é multifatorial. Algumas explicações poderiam ser as alças livres de muitas aderências após laparotomia, associada a sua migração devido a movimentação na recuperação precoce; o favorecimento da anatomia do ligamento duodenojejunal (ângulo de Treitz) que é o ponto de fixação e por onde inicia-se a rotação do intestino delgado e a rotação anatômica do mesentério; e a não liberação da flexura esplênica para a anastomose que implica em uma anastomose com mais tensão por onde as alças se insinuariam com maior facilidade para encarceramento. O diagnóstico da hérnia interna geralmente é feito com a suspeita de obstrução intestinal através da história, exame clínico e de imagem. Embora a melhor forma de se prevenir complicações graves seja o fechamento da brecha, ainda há pouca evidência na literatura mostrando que seu fechamento rotineiro diminui a incidência de HI. Essa revisão mostra que a obstrução intestinal após retossigmoidectomia laparoscópica consequente à formação de hérnia interna é uma complicação pós-operatória rara, porém tem possibilidade ser consequências graves que justificam o fechamento criterioso do defeito do mesocólon sempre que possível.

Área

Miscelâneas

Autores

CARLOS AUGUSTO REAL MARTINEZ, NATALIA SAYURI MUKAI, MICHEL GARDERE CAMARGO, JAISSY JERUBI CERVANTES, MARIA LOURDES SETSUKO AYRIZONO, JOÃO GABRIEL ROMERO BRAGA, AMANDA PEREIRA LIMA, CLAUDIO SADDY RODRIGUES COY