68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RECIDIVA DE CANCER RETAL ULTRABAIXO APOS RESSECÇAO ANTERIOR COM DISSECÇAO INTERESFINCTERIANA RESGATADO COM AMPUTAÇAO ABDOMINOPERINEAL DE RETO VIDEOLAPAROSCOPICA

Objetivo(s)

A quimioradioterapia neoadjuvante (QRT) seguida de cirurgia com excisão total do mesorreto (ETM) é o tratamento padrão para tumor de reto localmente avançado (T3/T4 ou N+). Apresenta taxa de recidiva local de 2.4-10%. O objetivo deste trabalho é destacar que, apesar do tratamento oncológico adequado a recidiva local pode ocorrer principalmente nos dois primeiros anos de seguimento.

Descrição da técnica

Paciente previamente submetida à ressecção anterior do reto com ETM, dissecção interesfincteriana e anastomose coloanal manual e videolaparoscópica (VLP) ileostomia de proteção (IP) devido a tumor de reto distal. Apresentou recidiva local 24 meses após cirurgia sendo indicada amputação abdomino-perineal (AAP). Detalhes técnicos: posição de Lloyd- Davis; Realizado fechamento da IP seguido de confecção do pneumoperitônio e passagem de trocarteres: 12mm em local da IP prévia no flanco direito, 10 mm umbilical e 5 mm em hipocôndrio direito; Dissecção do cólon abaixado até o nível do assoalho pélvico; Ligadura da arcada marginal e secção do cólon abaixado; Abertura de orifício da colostomia em flanco esquerdo e exteriorização cólon. Fechamentos das incisões dos trocarteres e maturação de colostomia. Tempo perineal: incisão em fuso ao redor do ânus com dissecção por planos até musculatura elevadora do ânus e assoalho pélvico, obtendo comunicação com a cavidade abdominal; Eversão da peça para secção anterior e preservação da vagina. Retirada da peça com margens livres, sem perfuração. Fechamento do defeito perineal pela cirurgia plástica através do retalho de glúteo esquerdo (gluteal-fold) em avanço V-Y.

Discussão e Conclusão(ões)

Destacamos o caso de uma paciente do sexo feminino, 42 anos, previamente hígida diagnosticada com adenocarcinoma de reto distal localmente avançado, T3, junto à linha pectínea, rmT3bN1. Foi submetida à QRT short course (estadiamento após yrmT3c N1, TRG4, fáscia mesorretal comprometida), seguida de RA VLP com ressecção interesfincteriana, ETM e anastomose coloanal manual e IP. Anatomopatológico (AP) da cirurgia: adenocarcinoma invasivo (componente mucinoso em 70%); invasão angiolinfática e perineural presente; margens livres (0,5cm radial), linfonodos acometidos 3/28 (ypT3 ypN1b). Realizou QT adjuvante e manteve seguimento sem evidência de doença até 24meses quando se constatou lesão vegetante posterior em anastomose coloanal.
Conclusão: Embora a cirurgia tenha sido com intuito curativo e cumprido com as normas vigentes de margens livres e sem perfuração tumoral, evidenciou-se uma recidiva local após 02 anos de seguimento. Paciente apresentava alguns fatores AP de pior prognóstico, como componente mucinoso, invasão perineural e angiolinfática. Isso mostra a importância do seguimento seriado e a possibilidade do resgate cirúrgico quando o diagnóstico é precoce.

Área

Doenças malignas e pré-malignas dos cólons, reto e ânus

Autores

Rafael Vaz Pandini, Camila Maria Arruda Vilanova, Guilherme Cutait Cotti, Carlos Frederico Sparapan Marques, Caio Sergio Rizkallah Nahas, Ulysses Ribeiro Junior, Sergio Carlos Nahas, Ivan Ceconello