68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO DE ENTERITE ACTINICA POS RADIOTERAPIA COMO CAUSA DE ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO

Objetivo(s)

O presente estudo relata caso de paciente submetida à braquiterapia e radioterapia pélvica, cursando com enterite actínica como complicação que ocasionou quadro de abdome agudo obstrutivo. O objetivo foi relatar o caso em literatura, assim como o desfecho clínico-cirúrgico do paciente.

Descrição do caso

Paciente feminina de 72 anos, encaminhada para pronto socorro devido quadro de vômitos e diarreia há 4 meses, com pirose e epigastralgia. Referia perda ponderal de 5 Kg no período. Evoluiu com parada de evacuação e eliminação de flatos há 3 dias e intensa dor abdominal associada. Possui como antecedente patológico uma amputação de MID em 2006 devido à complicação de doença arterial obstrutiva periférica, e um tumor de colo uterino em 2014, tratado com braquiterapia e radioterapia. Refere como comorbidade diabetes do tipo 2, em uso de metformina. Nega tabagismo e etilismo. Ao exame físico se mostrava descorada, desidratada e taquicárdica. Abdome globoso, distendido, doloroso à palpação em epigástrio e fossa ilíaca direita. TC de tórax, abdome e pelve apontando distensão difusa com nível hidroaéreo em alça de intestino delgado caracterizada até o íleo distal, sem fator obstrutivo evidente. Paciente submetida a laparotomia exploradora, com achado de dois segmentos de íleo distal com pontos de afilamento abruptos a 15 e 20 cm da válvula ileocecal. Foi realizada ileotiflectomia com anastomose primária mecânica anisoperistáltica. Resultado de estudo anátomo patológico da peça cirúrgica compatível com enterite ulcerativa com fibrose, edema e hiperemia de parede (actínica).

Discussão e Conclusão(ões)

Discussão: O desenvolvimento e a gravidade da enteropatia por radiação estão associados a fatores individuais como cirurgia abdominal ou pélvica prévia, doença inflamatória intestinal, diabetes mellitus, hipertensão e sobretudo, fatores de radioterapia como a dose e a técnica a ser empregada. Para prevenir complicações associadas à radioterapia, estão sendo desenvolvidos agentes radioprotetores (aminofostine, a interleucina-1 e a dieta enriquecida com glutamina) ou tentativas mecânicas para excluir o intestino do campo de radiação, porém o uso criterioso da radiação é a maneira mais confiável para se evitar lesões posteriores.

Conclusão: O diagnóstico, portanto, deve ser estabelecido pela combinação de características clínicas apropriadas, como história de exposição à radiação e características estabelecidas por estudos endoscópicos, radiológicas ou intraoperatórios. A dor, que pode ser do tipo visceral ou somática profunda, está sempre presente e constitui o sintoma mais significativo para o diagnóstico da obstrução intestinal, além de distensão abdominal e ocasionalmente vômitos.

Área

Miscelâneas

Autores

Rafela Vieira Beust, Isabella Gonçalves Carpanetti, Eduardo Felipe Kim Goto, Brunno Augusto José Costa, Rayama Moreira Siqueira, Lucas Sena Leme, Roberta Lais Santos Mendonça, Carlos Augusto Real Martinez