Dados do Trabalho
Título
RETALHO FASCIOCUTANEO EM V-Y COMO ALTERNATIVA PARA RECONSTRUÇAO PERINEAL NA CIRURGIA DE AMPUTAÇAO DE RETO: RELATO DE CASO
Objetivo(s)
Relatar uma técnica alternativa utilizando retalho fasciocutâneo para a reconstrução perineal em paciente submetido a cirurgia de amputação abdominoperineal de reto (cirurgia de Miles) por adenocarcinoma de reto inferior com ferimento perineal extenso.
Descrição do caso
Masculino, 75 anos, com diagnóstico de adenocarcinoma obstrutivo de reto iniciado a nível da linha pectínea e se extendendo cranialmente por aproximadamente 5cm. Apresentava como comorbidades diabetes mellitus não insulino-dependente, hipotireoidismo e um histórico de adenocarcinoma de próstata tratado com radioterapia pélvica dez anos antes do diagnóstico do câncer retal. Permanecia desde então em hormoniossupressão com doxasozina. Não realizou terapia neoadjuvante por já ter recebido a dose máxima de radiação pélvica de 75Gy. Dessa forma, foi submetido a cirurgia de amputação abdominoperineal de reto. Durante o intra-operatório e durante a confecção do tempo perineal observadas aderências firmes à fossa obturatória direita e esquerda, fáscia pré-sacral e trígono vesical, suspeitas de extensão neoplásica, razão que motivou estender a ressecção além dos limites programados com ressecção parcial dos músculos elevadores do ânus e resultando em ferimento perineal extenso, o que impossibilitou o fechamento primário. Optou-se por confecção de retalho fáscio-cutâneo em V-Y bilateral com comprimento duas vezes maior que o defeito perineal e dissecção até o nível fascial sem extensão a musculatura glútea. Realizada dissecção parcial da fáscia muscular em suas extremidades para facilitar a mobilização da pele e hipoderme. Reconstrução com pontos subcutâneos simples invertidos de poliglactina e dérmicos separados com fio inabsorvível e monofilamentar. Após 30 dias de pós operatório paciente apresentava 90% de cicatrização, com pequena área de deiscência em ângulos porém de bom aspecto e sem áreas de necrose.
Discussão e Conclusão(ões)
A abordagem dos defeitos perineais mais amplos criados pela técnica de amputação de reto com excisão dos músculos extra-elevadores do ânus (ELAPE), tornou necessária uma maior preocupação com o desenvolvimento de inúmeras técnicas cirúrgicas de reconstrução. No que diz respeito aos retalhos miocutâneos, encontram-se descritos na literatura essencialmente 3 tipos: retalhos de avanço V-Y bilaterais, retalhos de transposição do músculo recto abdominal (VRAM) e retalhos de rotação de músculo gracilis. Os retalhos V-Y permitem um tempo operatório inferior, um menor impacto na qualidade de vida e a possibilidade de serem realizados pelo cirurgião colorretal como demonstrou Butt e col. em revisão sistemática. Concluímos que o retalho fáscio-cutâneo em V-Y é uma alternativa simples e segura de reconstrução perineal para ferimentos extensos após cirurgia de Miles.
Área
Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas / Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais
Categoria
Relatos de caso
Autores
Rodrigo Lavigne Gesteira Slaibi, Sérgio Henrique C. Horta, Sandra Di Felice Boratto, Flávia Bálsamo, Diogo Fontes Santos, Marcella Conz Rodrigues, Debora Fontes Santos