68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

CASOS DE COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMARIA ASSOCIADA A DOENÇA INFLAMATORIA INTESTINAL

Objetivo(s)

Relacionar três casos clínicos de Colangite Esclerosante Primária (CEP) associada a Doença Inflamatória Intestinal (DII) em seguimento no Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal de um hospital universitário de Cuiabá – MT.

Descrição do caso

Nesse serviço foram identificados 137 pacientes com DII. Destes, 21 (15,3%) pacientes apresentaram alguma Manifestação extra-intestinal (MEI) durante o seguimento, onde 4 (19%) apresentaram CEP. Optou-se pelo relato de 3 dos 4 casos visto que um paciente teve seguimento perdido. RMD, 51 anos, masculino, com diagnóstico de Retocolite Ulcerativa (RCU) há 14 anos. Há 4 anos, apresentou prurido generalizado e em investigação notou-se aumento de transaminases e enzimas canaliculares (TGO 149, TGP 196 e FA 9593). A colangiorressonância evidenciou sinais de CEP. Optou-se por iniciar ácido ursodesoxicólico. Na época a colonoscopia evidenciava proctite moderada com estenose retal e indicação cirúrgica. Concomitantemente, apresentou lesões sugestivas de pioderma gangrenoso. Com o uso do ácido ursodesoxicólico houve melhora clínica e laboratorial, porém paciente segue com dificuldade de acesso à medicação. Mantém-se anictérico, com pruridos periódicos e transaminases continuamente elevadas. ISC, 36 anos, masculino, diagnosticado com RCU há 19 anos e CEP há 9 anos após alterações laboratoriais encontradas em exames de rotina seguido de colangioRNM, na época assintomático. Em 2015 apresentou icterícia, aumento de transaminases, enzimas canaliculares e bilirrubinas. Iniciou uso de ácido ursodesoxicólico com melhora clínica e laboratorial. Nesse momento também apresentou atividade da doença tendo iniciado uso de Infliximabe. Apresentou ainda mais dois episódios de icterícia com alteração laboratorial (2016 e 2018). Hoje permanece assintomático e com exames laboratoriais relativamente normais. RJF, 31 anos, masculino, diagnosticado com Doença de Crohn (DC) e CEP concomitantes há 10 anos. Faz uso de Infliximabe, Azatioprina e ácido ursodesoxicólico, está assintomático e com exames laboratoriais normais. Em 2017 teve exacerbação da DC, já controlada e em 2019 apresentou aumento de transaminases (TGO 143 e TGP 121) com melhora subsequente.

Discussão e Conclusão(ões)

A CEP é uma enfermidade crônica e progressiva, caracterizada por inflamação, fibrose e obstrução das vias biliares. Estudos atuais sugerem etiologia autoimune. Sua frequência na população geral é baixa, estando associada as DII (mais de 90% dos casos), variando entre 2-7% na RCU e 0,7-3,4% na DC. Na clínica, destacam-se a icterícia e prurido. Nos exames laboratoriais há aumento de transaminases, enzimas canaliculares e bilirrubina. O tratamento habitual é feito com ácido ursodesoxicólico que confere alguma proteção em relação a evolução da doença e reduz a sintomatologia. É mais comum que o diagnóstico da CEP ocorra após o de DII, que seu curso seja independente da mesma, e está mais presente na RCU que na DC, porém pudemos ver exceções nos casos relatados.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

NATHALIA LEITE OLIVEIRA ZEITOUN, BRUNA SAMANTHA MEES, CARLOS HENRIQUE PIRES DA COSTA LOPES, GABRIEL HENRIQUE GUIMARAES OLIVEIRA, MARDEM DE SOUZA MACHADO, CARLOS HENRIQUE DE ARRUDA SALLES, WLADIMYR DIAS MORENO