68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

RETOCOLITE ULCERATIVA DIAGNOSTICADA EM IDOSO COM EVOLUÇAO PARA MEGACOLON TOXICO

Objetivo(s)

Descrever caso de diagnóstico de Retocolite Ulcerativa (RCU) realizado em idoso com evolução para megacólon tóxico.

Descrição do caso

DCO, 67 anos, masculino, em internação hospitalar relatando diarreia líquida, mucossanguinolenta com até 20 episódios/dia, associada a dor abdominal, hiporexia e perda de peso (28kg) iniciados há 8 meses. Traz colonoscopia realizada há 5 meses mostrando pancolite crônica, quando do diagnóstico de RCU, na ocasião iniciado Masalazina 3,2g/dia. Além disso, há 1 mês apresentando lesões cutâneas em mãos. Apresentou-se na internação em regular estado geral, emagrecido, hipocorado, desidratado, abdome escavado, flácido, com ruídos hidroaéreos presentes, hipertimpanismo difuso e discreta dor à palpação profunda em hipocôndrio esquerdo, sem sinais de peritonite. Em membros superiores apresentava múltiplas pústulas, algumas ulceradas, dolorosas e outras crostosas. Na internação recebera diagnóstico de RCU em atividade e psoríase pustulosa em mãos, internado para tratamento clínico. Iniciado hidrocortisona intravenosa com melhora muito discreta do quadro, e no 7º dia de internação realizado Infliximabe 300mg endovenoso, com melhora quase completa do quadro, inclusive das lesões de pele, nos primeiros três dias seguintes. Em seguida voltou a apresentar diarreia e dor abdominal com episódios de enterorragia profusa. Recebeu diagnóstico de colite aguda grave e decidiu-se por colectomia total. Ao inventário da cavidade, cólon transverso intensamente distendido sem ponto de obstrução (megacólon tóxico). Optado por proctocolectomia total com ileostomia definitiva. Recebeu alta no 36º PO em bom estado geral e com recuperação nutricional em curso para acompanhamento ambulatorial.

Discussão e Conclusão(ões)

Apenas 15% dos pacientes com DII têm diagnóstico após os 60 anos, apresentando maiores taxas de hospitalização já na primeira manifestação da doença. O megacólon tóxico é complicação potencialmente letal de qualquer condição inflamatória intestinal, caracterizado por uma dilatação colônica não-obstrutiva associada a toxicidade sistêmica. Sua fisiopatologia relaciona-se ao grau de inflamação intestinal, que não só lesa diretamente a camada muscular do órgão, causando paralisia e dilatação, como também favorece a liberação de substâncias toxêmicas. O sintoma mais frequente é a diarreia sanguinolenta. O diagnóstico exige evidência radiográfica de distensão colônica, mais alguns critérios clínicos e/ou laboratoriais. O tratamento do megacólon é inicialmente clínico, com o momento ideal para cirurgia ainda controverso. Além de medidas de suporte, recomendam-se glicocorticoides intravenosos como primeira linha e preferencialmente o infliximabe como segunda linha. Não havendo melhora dos sinais toxêmicos e da distensão em 3 dias de terapia de segunda linha, indica-se a cirurgia. Trata-se de caso incomum com diagnóstico de RCU no idoso porém como esperado com uma evolução desfavorável. Por isso, atenção redobrada deve ser dada ao curso da doença no idoso.

Área

Doenças Inflamatórias Intestinais

Autores

ILANA FALCAO DE ARRUDA, FERNANDA QUEIROZ ARATANI, MARINA GABRIELA DOMINGUES DE LIMA, NATHALIA LEITE OLIVEIRA ZEITOUN, JOAO MARDIO PAIXAO DE FRANÇA, HEVELINE TRAJANO VASCONCELOS, MARDEM DE SOUZA MACHADO, CARLOS HENRIQUE DE ARRUDA SALLES