68º Congresso Brasileiro de Coloproctologia

Dados do Trabalho


Título

PROLAPSO RETAL COM ABORDAGEM DE ALTEMEIER: RELATO DE CASO

Objetivo(s)

O presente estudo objetiva relatar um caso de correção de prolapso retal com bom resultado pela abordagem perineal de Altemeier

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 76 anos, hipertensa, história longa de prolapso ano-vaginal, procurou assistência médica ginecológica, sendo realizada histerectomia vaginal e colpocleise. Após intervenções, foi encaminhada ao serviço de proctologia. Em consulta inicial, há 2 anos, apresentou prolapso retal de volume redutível, com aproximadamente 15cm de reto prolapsado. Em virtude da dificuldade de liberação risco cirúrgico cardiológico, foi considerada a retossigmoidectomia perineal (Altemeier). O procedimento cirúrgico eletivo foi programado para o corrente ano, por decisão da paciente. Com o paciente sob raquianestesia, a parede retal foi incisada em toda a sua espessura, através do uso de pinça de energia especial LigaSure, sendo possível realizar a secção completa sem ligadura e sangramento mínimo. O reto prolapsado foi ressecado em aproximadamente 30cm e posteriormente criado uma anastomose colo-anal por sutura manual com pontos separados de Vicryl 3.0 em camada total. A alta deu-se no 3° dia pós-operatório e evoluiu sem intercorrências. No seguimento, foi observada incontinência anal leve a moderada, sendo encaminhada para tratamento fisioterapêutico complementar com uso de biofeedback e acompanhamento nutricional orientado para dieta constipante. Desde então, a paciente encontra-se bem e relata melhora da incontinência, apresentando-a de forma branda.

Discussão e Conclusão(ões)

Prolapso retal é a protrusão completa do reto através do ânus. É uma condição pouco comum e estima-se que ocorra em menos de 0,5% da população. Possui prevalência em crianças e idosos, principalmente mulheres acima de 65 anos. A etiologia é multifatorial, sendo geralmente associada à constipação crônica, multiparidade, lesões perineais, disfunções dos esfíncteres anais e do assoalho pélvico. A apresentação mais comum se dá por tenesmo, incontinência, evacuação incompleta, sangramento e dor retal, correspondendo as principais indicações para correção cirúrgica. A escolha da abordagem cirúrgica depende principalmente da idade e sexo do paciente, estado clínico, extensão do prolapso, comorbidades e preferência do cirurgião. No caso descrito, a abordagem escolhida foi a perineal de Altemeier. Essa abordagem permite rápida recuperação, estresse cirúrgico mínimo e morbidade razoável, em torno de 3 a 35%, porém, uma maior taxa de recorrência, que corresponde à média de 40% em 48 meses, quando comparada a técnica abdominal. Portanto, apesar da experiência clínica mostrar maior recidiva na abordagem perineal, foi escolhida e por permitir a resolutividade do caso com menor morbidade, resguardando a paciente da laparotomia com alta precoce e raqui anestesia. É importante conhecer sobre essa manifestação incomum, atentando a suas possíveis complicações e recorrências a fim de garantir a saúde e o bem-estar do paciente.

Área

Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas / Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais

Autores

SABRINA DANIELLA BRAZ BRAZ, NATHÁLIA DE OLIVEIRA AZEVEDO, LAICE ROLIM MOREIRA, CAMILA VASCONCELOS DE SOUZA, TARCÍSIO CARNEIRO DA COSTA, MARIA EDUARDA DE MENEZES NUNES